Avaliação da presença e extensão dos atributos de atenção primária em dois modelos coexistentes na rede básica de saúde do Município de São Paulo

Autores

  • Bruno Brunelli Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Gustavo Diniz Ferreira Gusso Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Itamar Souza Santos Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Isabela Judith Martins Benseñor Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc11(38)1241

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde. Avaliação de Serviços de Saúde. Estratégia Saúde da Família. Acesso aos Serviços de Saúde.

Resumo

Introdução: No Brasil, faltam avaliações que mensurem o desempenho direto da Atenção Primária à Saúde (APS). Serviços desenvolvidos para a atenção à demanda espontânea de baixa complexidade como as Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA), de São Paulo, são oferecidos como alternativa à Estratégia de Saúde da Família (ESF), o serviço brasileiro oficial de APS, mas ainda não há estudos comparativos entre eles. Objetivo: Comparar a presença e extensão dos atributos de APS em dois representantes desses dois serviços da cidade de São Paulo: uma Unidade Básica de Saúde (UBS), parte integrante da ESF, e uma AMA. Métodos: Este artigo trata de um estudo transversal utilizando o Primary Care Assessment Tool, versão validada em português (PCATool Brasil). Resultados: Foram aplicados 616 questionários, 76,3% demonstrou-se afiliado à UBS e 12,3% à AMA. Os frequentadores da UBS se demonstraram mais pobres. A UBS apresentou escores essencial e geral maiores (5,64 e 5,58 contra 3,70 e 3,38, respectivamente) e teve médias superiores em todos os atributos, exceto “acessibilidade” (2,46 contra 3,68). Apenas a UBS apresentou atributos com escores superiores a 6,6: “Acesso de Primeiro Contato - Utilização” (7,22) e “Coordenação - Sistemas de Informação” (7,31). Entretanto, a má avaliação dos outros atributos do PCATool na UBS foi preponderante para considerá-la um serviço de baixa orientação à APS, assim como a AMA. Conclusão: Os usuários identificam muito pouco os atributos de APS nos dois serviços, em um nível aquém do considerado satisfatório, mesmo que os escores da UBS sejam mais elevados do que os da AMA em 8 dos 10 atributos. Apesar de ser reconhecido como um bom local para realizar o primeiro contato com o sistema, a falta de acessibilidade prejudica a UBS como serviço de APS. A AMA, apresentada como a solução para o problema, não demonstra desempenho que a justifique como alternativa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Bruno Brunelli, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Médico de Família e Comunidade, Doutorando em Clínica Médica pelo departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Gustavo Diniz Ferreira Gusso, Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Médico de Família e Comunidade, Professor Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Itamar Souza Santos, Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Professor Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Isabela Judith Martins Benseñor, Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Professora Doutora de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Família

Referências

van Stralen CJ, Belisário SA, van Stralen TBS, Lima AMD, Massote AW, Oliveira CL. Percepção dos usuários e profissionais de saúde sobre atenção básica: comparação entre unidades com e sem saúde da família na Região Centro-Oeste do Brasil. Cad Saúde Pública. 2008;24(Suppl.1):s148-s58. DOI:http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2008001300019 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008001300019

Conill EM. Políticas de atenção primária e reformas sanitárias: discutindo a avaliação a partir da análise do Programa Saúde da Família em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 1994-2000. Cad Saúde Pública. 2002;18(Suppl):s191-202. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2002000700019 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000700019

Macinko J, Guanais FC, de Fátima M, de Souza M Evaluation of the impact of the Family Health Program on infant mortality in Brazil, 1990-2002. J Epidemiol Community Health. 2006;60(1):13-9. PMID: 16361449 DOI: http://dx.doi.org/10.1136/jech.2005.038323 DOI: https://doi.org/10.1136/jech.2005.038323

Almeida C, Macinko J. Validação de uma metodologia de avaliação rápida das características organizacionais e do desempenho dos serviços de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) em nível local. (Série Técnica Desenvolvimento de Sistemas e Serviços de Saúde, 10). Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde/Ministério da Saúde; 2006.

Figueiredo AM, Kuchenbecker RS, Harzeim E, Vigo A, Hauser L, Chomatas ERV. Análise de concordância entre instrumentos de avaliação da Atenção Primária à Saúde na cidade de Curitiba, Paraná, em 2008. Epidemiol Serv Saúde. 2013;22(1):41-8. DOI: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742013000100004 DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742013000100004

São Paulo. Secretaria Municipal de Saúde. Assistência Medica Ambulatorial [Internet].2006 [Acesso 2014 Ago 24]. Disponível em: http://portal.prefeitura. sp.gov.br/secretarias/saude/areastecnicas/AMA

Konder MT. Atenção às urgências: a integração das Unidades de Pronto Atendimento 24 horas (UPA 24h) com a rede assistencial no município do Rio de Janeiro [Dissertação de mestrado]. Escola Nacional de Saúde Pública. Sergio Arouca, Rio de Janeiro; 2013.

Shi L, Starfield B, Xu J, Politzer R, Regan J. Primary care quality: community health center and health maintenance organization. South Med J. 2003;96(8):787-95. PMID:14515920 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.SMJ.0000066811.53167.2E DOI: https://doi.org/10.1097/01.SMJ.0000066811.53167.2E

Bindman AB, Grumbach K, Osmond D, Vranizan K, Stewart AL. Primary care and receipt of preventive services. J Gen Intern Med. 1996;11(5):269-76. DOI:http://dx.doi.org/10.1007/BF02598266 DOI: https://doi.org/10.1007/BF02598266

Shi L. The relationship between primary care and life chances. J Health Care Poor Underserved. 1992;3(2):321-35. DOI: http://dx.doi.org/10.1353/hpu.2010.0460 DOI: https://doi.org/10.1353/hpu.2010.0460

São Paulo. Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras. Dados Demográficos dos Distritos Pertencentes as Subprefeituras [Internet]. 2010 [Acesso 2014 Ago 31]. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/subprefeituras/dados_demograficos/index.php?p=12758

Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Informação da Atenção Básica [Internet]. 2014 [Acesso 2014 Ago 28]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/siab/siab.htm

Tanaka OY, Drumond Júnior M. Análise descritiva da utilização de serviços ambulatoriais no Sistema Único de Saúde segundo o porte do município, São Paulo, 2000 a 2007. Epidemiol Serv Saúde. 2010;19(4):355-66. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742010000400006

Shi L, Starfield B, Xu J. Validating the adult primary care assessment tool. J Fam Pract. 2001;50(2):161-75.

Harzheim E, Starfield B, Rajmil L, Alvarez-Dardet C, Stein AT. Consistência interna e confiabilidade da versão em português do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária (PCATool-Brasil) para serviços de saúde infantil. Cad Saúde Pública. 2006;22(8):1649-59. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2006000800013 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006000800013

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária à Saúde: Primary Care Assessment Tool PCATool-Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

Harzheim E, Oliveira MMC, Agostinho MR, Hauser L, Stein AT, Gonçalves MR, et al. Validação do instrumento de avaliação da atenção primária à saúde: PCATool-Brasil adultos. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2013;8(29):274-84. DOI: http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc8(29)829 DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc8(29)829

ABEP. Critério de Classificação Econômica Brasil [Internet] 2014 [Acesso 2015 Nov 8] Disponível em: http://http://www.abep.org/criterio-brasil

Brasil. Departamento de Atenção Básica. Resultados da Avaliação do Programa de Melhoria e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ) [internet]. 2015a [Acesso 2015 Set 6]. Disponível em: http://www.dab.saude.gov.br/portaldab/cidado_pmaq2.php?conteudo= resultado_avaliacaoFORM

Oliveira MLF, Scochi MJ. Determinantes da utilização dos serviços de urgência/emergência em Maringá (PR). Rev Ciênc Cuid Saúde. 2002;1(1):123-8.

Rocha AFS. Determinantes da procura de atendimento de urgência pelos usuários nas unidades de pronto atendimento da secretaria municipal de saúde de Belo Horizonte [Dissertação de mestrado]. Belo Horizonte: Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais; 2005.

Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. 2014 [Acesso 2014 Ago 27]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/defaulttab_hist.shtm

Macinko J, Almeida C, de Sá PK. A rapid assessment methodology for the evaluation of primary care organization and performance in Brazil. Health Policy Plan. 2007;22(3):167-77. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/heapol/czm008 DOI: https://doi.org/10.1093/heapol/czm008

Chomatas ERV. Avaliação da presença e extensão dos atributos da atenção primária na rede básica de saúde do município de Curitiba [Dissertação de mestrado]. Porto Alegre: Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2008.

Oliveira MMC. Presença e extensão dos atributos da atenção primária à saúde entre os serviços de atenção primária em Porto Alegre [Dissertação de mestrado]. Porto Alegre: Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2007.

Ibañez N, Rocha JSY, Castro PC, Ribeiro MCSA, Forster AC, Novaes MHD, et al. Avaliação do desempenho da atenção básica no Estado de São Paulo. Ciênc Saúde Coletiva. 2006;11(3):683-703. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232006000300016 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232006000300016

Haggerty JL, Yavich N, Báscolo EP, Grupo de Consenso sobre un Marco de Evaluación de la Atención Primaria en América Latina. Un marco de evaluación de la atención primaria de salud en América Latina. Rev Panam Salud Pulica. 2009;26(5):377-84.

Almeida PF, Fausto MCR, Giovanella L. Fortalecimento da atenção primária à saúde: estratégia para potencializar a coordenação dos cuidados. Rev Panam Salud Publica. 2011;29(2):84-95. DOI: https://doi.org/10.1590/S1020-49892011000200003

Puccini PT. As unidades de assistência médica ambulatorial (AMA) do município de São Paulo, Brasil: condições de funcionamento e repercussões sobre a atenção básica no Sistema Único de Saúde, 2006. Cad Saúde Pública. 2008;24(12):2755-66. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2008001200004 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008001200004

Tanaka OY, Oliveira VE. Reforma(s) e estruturação do Sistema de Saúde Britânico: lições para o SUS. Saúde Soc. 2007;16(1):7-17.

Salisbury C, Manku-Cott T, Moore L, Chalder M, Sharp D. Questionnaire survey of users of NHS walk-in centres: observational study. Br J Gen Pract. 2002;52(480):554-60.

Downloads

Publicado

2016-08-17

Como Citar

1.
Brunelli B, Gusso GDF, Santos IS, Benseñor IJM. Avaliação da presença e extensão dos atributos de atenção primária em dois modelos coexistentes na rede básica de saúde do Município de São Paulo. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 17º de agosto de 2016 [citado 29º de março de 2024];11(38):1-12. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/1241

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.