Editorial
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc1(1)1Palavras-chave:
EditorialResumo
“Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para saber o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.
“... Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta mas, a de quem a ele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da História.”
Paulo Freire, 1996
Nada melhor do que consultar Paulo Freire, esse mestre dos mestres, para buscar inspiração para escrever, com muita alegria, este editorial de relançamento da Revista Científica da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade - SBMFC.
Relançamento porque esta sociedade chegou a produzir uma edição em 1987.
Muitas coisas, fatos e histórias transcorreram, desde então, com a SBMFC e com a Medicina de Família e Comunidade no Brasil. Mudamos de nome, mas não de propósitos. Quase fomos extintos, mas continuamos vivos. Quase perdemos a esperança, mas não desistimos. Aliás, desistir jamais, tem sido o nosso lema.
Muitos, mesmo nos tempos mais difíceis, continuaram o trabalho, nas suas unidades assistenciais, nas academias, atendendo à população, formando pessoas, produzindo, se inserindo, não apenas aceitando a condição de objeto, como ensina o mestre.
Muitos continuaram pesquisando, publicando, participando ativamente de eventos científicos, fazendo seus mestrados, doutorados, enfim mantendo viva nossa história.
Isto permitiu que, decorridos 18 anos, pudéssemos, após a recente reativação plena da Sociedade, tenhamos realizado dois congressos brasileiros, muitos outros eventos estaduais e, agora, relançar esta revista na oportunidade do 6o Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, e, também, do 6o Congresso de Medicina Familiar – Região Mercosul - da Confederação Ibero Americana de Medicina Familiar – CIMF/WONCA.
Que esta publicação, ao lado de todas as outras atividades da SBMFC, possa significar uma contribuição para a construção de uma prática médica mais humana, integradora e compreensiva acerca dos fenômenos que envolvem a complexidade do processo saúde – adoecimento.
Que tenhamos consciência que a pesquisa não é um “elemento revestido de neutralidade e freqüentemente tem sido subserviente à ideologia dominante, a quem sustenta e solidifica, seja justificando sua existência, seja perpetuando um modo determinado de analisar e investigar um conjunto de práticas e procedimentos” (Ricardo Donato, 1983).
E por último, mas não menos importante, que saibamos a força que podemos ter ao colaborar para construir um conhecimento socialmente e politicamente mais adequado à realidade das pessoas, principalmente num país ainda em desenvolvimento, pois “... os oprimidos, para se libertarem necessitam de uma teoria de sua ação”. (Paulo Freire, 1970)
Parabéns e uma vida longa e útil para a revista e para todos nós! Desistir jamais!
Maria Inez Padula Anderson João Werner Falk
Presidente do 6o Congresso Brasileiro de Presidente da SBMFC
Medicina de Família e Comunidade
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