Referências médicas evitáveis em unidade de saúde de Porto Alegre
um estudo exploratório
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2129Palavras-chave:
Encaminhamento e Consulta, Atenção Primária à Saúde, Assistência à Saúde, Sistemas de Saúde, Organização e Administração, Medicina de Família e Comunidade.Resumo
Introdução: A análise das referências médicas de pacientes da Atenção Primária à Saúde (APS) para especialidades focais traz questões relevantes para a formulação e administração de políticas do sistema de saúde. A detecção de encaminhamentos potencialmente evitáveis pode permitir um aprimoramento dos processos de trabalho, assim como otimizar a alocação de recursos. Objetivo: Descrever as referências secundárias geradas por médicos de uma Unidade de APS vinculada ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC), no ano de 2017, e construir critérios para classificá-las, discutindo sua evitabilidade. Métodos: Estudo descritivo-exploratório, baseado em documentação. Os dados foram obtidos no sistema GERCON® (Sistema de Gerenciamento de Consultas da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS). Os encaminhamentos foram classificados conforme seu motivo e também conforme sua evitabilidade. Resultados: Foram gerados 799 encaminhamentos, a 110 especialidades médicas no período. Após a exclusão das especialidades de dermatologia e de pré-natal de alto risco (por mudança nos critérios e fluxos de encaminhamento, durante 2017), restaram 733 referenciamentos. Destes, 582 foram categorizados pelas pesquisadoras como não evitáveis e 151 como evitáveis. Os motivos de encaminhamentos predominantes foram: terapêuticas não disponíveis na APS (34%), recursos diagnósticos não disponíveis em APS (26,5%) e dúvida diagnóstica ou terapêutica (23,2%). Em relação à evitabilidade, foram identificados 20,6% de referenciamentos evitáveis, predominando aqueles que envolviam carência de conhecimentos/habilidades/ atitude do médico. Quanto aos encaminhamentos categorizados como não evitáveis (79,4%), predominaram aqueles efetivados por necessidade de conhecimentos/habilidades/procedimentos não próprios à APS. Conclusão: A construção de um conceito para referências evitáveis, a partir de estudos empíricos, pode enriquecer a gestão de serviços de APS, tendo em vista sua resolutividade. O presente estudo encontrou, nessa Unidade de APS, um baixo percentual de encaminhamentos potencialmente evitáveis.
Downloads
Métricas
Referências
(1) Starfield B. Primary care: balancing health needs, services and technology. New York: Oxford University Press; 1998.
(2) Mehrotra A, Forrest CB, Lin CY. Dropping the baton: specialty referrals in the United States. Milbank Q. 2011 Mar;89(1):39-68. PMID: <a href=”http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21418312” target=”_blank”>21418312</a> DOI: <a href=”https://doi.org/10.1111/j.1468-0009.2011.00619.x” target=”_blank”>https://doi.org/10.1111/j.1468-0009.2011.00619.x</a> DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-0009.2011.00619.x
(3) Gusso GDF, Bensenor IJM, Olmos RD. Terminologia da atenção primária à saúde. Rev Bras Educ Med. 2012;36(1):93-9. DOI: <a href=”https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000100013” target=”_blank”>https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000100013</a> DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000100013
(4) Garrido MV, Zentner A, Busse R. The effects of gatekeeping: a systematic review of the literature. Scand J Primary Health Care. 2010 Mar;29(1):28-38. DOI: <a href=”https://doi.org/10.3109/02813432.2010.537015” target=”_blank”>https://doi.org/10.3109/02813432.2010.537015</a> DOI: https://doi.org/10.3109/02813432.2010.537015
(5) Forrest CB. Primary care in the United States: primary care gatekeeping and referrals: effective filter or failed experiment?. BMJ. 2003 Mar;326(7391):692-5. PMID: <a href=”http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12663407” target=”_blank”>12663407</a> DOI: <a href=”https://doi.org/10.1136/bmj.326.7391.692” target=”_blank”>https://doi.org/10.1136/bmj.326.7391.692</a> DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.326.7391.692
(6) Liddy C, Arbab-Tafti S, Moroz I, Keely E. Primary care physician referral patterns in Ontario, Canada: a descriptive analysis of self-reported referral data. BMC Fam Pract. 2017 Aug;18(1):81. DOI: <a href=”https://doi.org/10.1186/s12875-017-0654-9” target=”_blank”>https://doi.org/10.1186/s12875-017-0654-9</a> DOI: https://doi.org/10.1186/s12875-017-0654-9
(7) Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed; 2004.
(8) Gusso G, Lopes JMC. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Artmed: 2012; p. 20-208.
(9) Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). Currículo baseado em competências para Medicina de Família e Comunidade. Rio de Janeiro: SBMFC; 2014; 6 de Abril de 2015. Disponível em:https://www.sbmfc.org.br/noticias/sbmfc-divulga-curriculo-baseado-em-competencias/
(10) Akbari A, Mayhew A, Al-Alawi MA, Grimshaw J, Winkens R, Glidewell E, et al. Interventions to improve outpatient referrals from primary care to secondary care. Cochrane Database Syst Rev. 2008 Out;(4):CD005471. PMID: <a href=”http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18843691” target=”_blank”>18843691</a> DOI: <a href=”https://doi.org/10.1002/14651858.CD005471.pub2” target=”_blank”>https://doi.org/10.1002/14651858.CD005471.pub2</a> DOI: https://doi.org/10.1002/14651858.CD005471.pub2
(11) Bastos ML, Menzies D, Hone T, Dehghani K, Trajman A. The impact of the Brazilian family health on selected primary care sensitive conditions: a systematic review. PloS One. 2017 Aug;12(8):e0182336. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0182336 DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0182336
(12) Mendonça CS, Leotti VB, Dias-da-Costa JS, Harzheim E. Hospitalizations for primary care sensitive conditions: association with socioeconomic status and quality of family health teams in Belo Horizonte, Brazil. Health Policy Plan. 2017 Dec;32(10):1368-74. DOI: https://doi.org/10.1093/heapol/czx103 DOI: https://doi.org/10.1093/heapol/czx103
(13) Rubinstein A, López A, Caporale J, Valanzasca P, Irazola V, Rubinstein F. Avoidable hospitalizations for ambulatory care sensitive conditions as an indicator of primary health care effectiveness in Argentina. J Ambul Care Manage. 2014 Jan/Mar;37(1):69-81. PMID: 24309396 DOI: https://doi.org/10.1097/JAC.0000000000000008 DOI: https://doi.org/10.1097/JAC.0000000000000008
(14) Shadd J, Ryan B, Maddocks H, Thind A. Patterns of referral in a Canadian primary care electronic health record database: retrospective cross-sectional analysis. Journal of Innovation in Health Informatics. 2011 Jul;19(4):217-23. DOI: https://doi.org/10.14236/jhi.v19i4.816 DOI: https://doi.org/10.14236/jhi.v19i4.816
(15) Ringberg U, Fleten N, Deraas TS, Hasvold T, Førde O. High referral rates to secondary care by general practitioners in Norway are associated with GPs’ gender and specialist qualifications in family medicine, a study of 4350 consultations. BMC Health Serv Res. 2013 Apr;13(1):147. PMID: 23617296 DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6963-13-147 DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6963-13-147
(16) Forrest CB, Nutting PA, von Schrader S, Rohde C, Starfield B. Primary care physician specialty referral decision making: pacient, physician, and health care system determinants. Med Decis Making. 2006 Jan/Feb;26(1):76-85. DOI: https://doi.org/10.1177/0272989X05284110 DOI: https://doi.org/10.1177/0272989X05284110
(17) Elwyn GJ, Stott NCH. Avoidable referrals? Analysis of 170 consecutive referrals to secondary care. BMJ. 1994 Sep;309:576. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.309.6954.576 DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.309.6954.576
(18) Biggerstaff ME, Short N. Evaluation of specialist referrals at a rural health care clinic. J Am Assoc Nurse Pract. 2017 Jul;29(7):410-4. DOI: https://doi.org/10.1002/2327-6924.12480 DOI: https://doi.org/10.1002/2327-6924.12480
(19) Juliani C, MacPhee M, Spiri W. Brazilian specialists’ perspectives on the patient referral process. Healthcare. 2017;5(1):4. DOI: https://doi.org/10.3390/healthcare5010004 DOI: https://doi.org/10.3390/healthcare5010004
(20) Governo do Estado Rio Grande do Sul (BR). Secretaria de Saúde. Atenção Básica do RS [Internet]. Protocolos RegulaSUS. Porto Alegre: Atenção Básica RS; 2018; [acesso em 2018 abr 7]. Disponível em: https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/protocolos-regulasus
(21) Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de acesso ambulatorial: consultas especializadas: Hospitais Federais no Rio de Janeiro. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015.
(22) Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) [Internet]. Protocolos e Diretrizes. Brasília: CONITEC; 2016; [acesso em 2018 abr 7]. Disponível em: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes
(23) Vogeli C, Shields AE, Lee TA, Gibson TB, Marder WD, Weiss KB, et al. Multiple chronic conditions: prevalence, health consequences, and implications for quality, care management, and costs. J Gen Intern Med. 2007 Dec;(22 Suppl 3):391-5. DOI: https://doi.org/10.1007/s11606-007-0322-1 DOI: https://doi.org/10.1007/s11606-007-0322-1
(24) Portal da Prefeitura Municipal de Porto Alegre [ internet ]. Complexo Regulador Secretaria Municipal de Saúde Prefeitura Municipal de Porto Alegre, FILA DE ESPERA POR SUBESPECIALIDADE: Dezembro de 2017; [ Acesso em 24 out 2018 ]. Disponível em: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/dezembro_indicador_subespecialidades_com_odonto.pdf
(25) Rosses APO, Ben ÂJ, Souza CF, Skortika A, Araújo AL, Carvalho G, et al. Diagnostic performance of retinal digital photography for diabetic retinopathy screening in primary care. Fam Pract. 2017 Sep;34(5):546-51. DOI: https://doi.org/10.1093/fampra/cmx020 DOI: https://doi.org/10.1093/fampra/cmx020
(26) Tandjung R, Hanhart A, Bärtschi F, Keller R, Steinhauer A, Rosemann T, et al. Referral rates in Swiss primary care with a special emphasis on reasons for encounter. Swiss Med Wkly. 2015 Dec;145:142-4. DOI: https://doi.org/10.4414/smw.2015.14244 DOI: https://doi.org/10.4414/smw.2015.14244
(27) Vargas MA, Rodrigues MLV. Perfil da demanda em um serviço de Oftalmologia de atenção primária. Rev Bras Oftalmol. 2010;69(2):77-83. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-72802010000200002 DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-72802010000200002
(28) Blank L, Baxter S, Woods HB, Goyder E, Lee A, Payne N, et al. What is the evidence on interventions to manage referral from primary to specialist non-emergency care? A systematic review and logic model synthesis. Southampton (UK): NIHR Journals Library; 2015. DOI: https://doi.org/10.3310/hsdr03240 DOI: https://doi.org/10.3310/hsdr03240
(29) Rosemann T, Wensing M, Rueter G, Szecsenyi J. Referrals from general practice to consultants in Germany: if the GP is the initiator, patients’ experiences are more positive. BMC Health Serv Res. 2006 Jan 19;6:5. DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6963-6-5 DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6963-6-5
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.