Avaliação da dor e seus fatores associados durante a inserção do dispositivo intrauterino na Atenção Primária à Saúde
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc17(44)3099Palavras-chave:
Dispositivos Intrauterinos, Dor, Atenção primária à saúde.Resumo
Introdução: A inserção do dispositivo intrauterino é uma competência esperada para o médico generalista. No entanto, esse método encontra muitas barreiras ao ser inserido nas unidades básica de saúde, como a falta de treinamento dos profissionais e o medo que as mulheres têm de sentir dor. Objetivo: Avaliar a intensidade da dor durante o procedimento de inserção do dispositivo intrauterino realizado por médicos generalistas em unidades básicas de saúde na região metropolitana de João Pessoa e sua associação com fatores sociodemográficos, aspectos clínicos da mulher e formação médica. Métodos: Estudo transversal e descritivo, com dados coletados em 16 unidades básicas de saúde nos municípios de Conde, Caaporã, João Pessoa e Sapé, no intervalo de março a outubro de 2019. A coleta de dados foi realizada por entrevista individual com questionário estruturado, e a dor foi graduada pela escala visual analógica. Os dados foram analisados utilizando-se os testes de Mann-Whitney e χ². Resultados: Participaram do estudo 139 mulheres com idade mínima de 14 e máxima de 47 anos, cuja média de dor foi de 5,5 para aquelas que estavam menstruadas e de 4,6 para as que não estavam. A dor leve esteve presente em 20,1%, a dor moderada em 38% e dor intensa em 31,7%. Histerometria acima de 7 cm, histórico de uso de anti-inflamatórios na menstruação e de dismenorreia estiveram mais presentes em quem referiu dor intensa (p<0,001). Quanto à qualificação do médico que insere o dispositivo intrauterino, não houve significância estatística na correlação de dor intensa com o fato de ele ser residente (p=0,268), com o tempo de formatura (p=0,080) nem com a dificuldade técnica encontrada (p=0,065). Conclusões: A dor foi considerada pela maioria das mulheres como moderada, sendo uma oferta e um procedimento viável de ser ensinado e inserido na Atenção Primária à Saúde.
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