DIU no morro
vivência do acesso aos direitos reprodutivos em Florianópolis, Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)4149Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Equidade no acesso aos Serviços de Saúde, Planejamento Familiar, Saúde Pública, Contracepção reversível de longo prazo.Resumo
Introdução: O dispositivo intrauterino de cobre (DIU) é um método contraceptivo eficaz, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas pouco usado pelas mulheres brasileiras. Alguns motivos são: poucas profissionais habilitadas para inseri-lo, muitas etapas entre o desejo de usá-lo e a inserção e desconhecimento sobre o método. Objetivo: O objetivo deste estudo foi compreender o acesso e a vivência de mulheres que inseriram o DIU fora do espaço do centro de saúde (CS), no espaço da escola/creche de sua comunidade em Florianópolis, Santa Catarina. Métodos: As profissionais de saúde do CS Agronômica em Florianópolis organizaram ações “extramuros” dentro do território, aos sábados, durante os anos de 2022 e 2023. As ações aconteceram nas escolas/creches nos territórios menos privilegiados de cobertura do CS Agronômica nas comunidades do Morro do 25/Nova Trento, do Morro do Horácio e do Morro do Macaco. Essas ações objetivaram facilitar o acesso de toda a população a alguns serviços disponibilizados pela Atenção Primária à Saúde, entre eles a inserção do DIU. Esta é uma pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas. As participantes do estudo foram mulheres que inseriram o DIU durante alguma das ações e voluntariamente demonstraram interesse em participar da pesquisa. Das 40 mulheres que acessaram a inserção do DIU, nove fizeram a entrevista, tendo seu áudio gravado e transcrito. Foi realizada uma análise temática em quatro fases: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados; e elaboração de diagrama dos achados. Resultados: Todas as mulheres entrevistadas inseriram o DIU como segunda ou terceira opção de método contraceptivo por má adaptação aos outros, como pílula e injetáveis. Algumas apresentaram medo quanto à higiene e à privacidade do local, porém após visitarem as salas adaptadas, consideraram-nas limpas e adequadas. Também referiram que o espaço era mais acolhedor se comparado ao CS. Todas elas afirmaram que o acesso para a inserção do DIU foi facilitado pela ação, e isso ocorreu por vários motivos, como: horário de folga do trabalho; proximidade com suas casas; possibilidade de levar seus filhos; e não necessidade de agendamento. Conclusões: A inserção do DIU fora do local convencional, por ser mais próximo das casas e em horário alternativo ao de trabalho, favoreceu o acesso ao procedimento. Portanto, essas ações podem ser um caminho para a garantia do planejamento familiar e do direito reprodutivo no Brasil.
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