Panorama da Morbimortalidade por Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica no estado da Bahia entre 2010-2022
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)4458Palavras-chave:
Atenção primária à saúde, Determinantes sociais da saúde, Diabetes mellitus, Doenças crônicas não transmissíveis, Hipertensão arterial.Resumo
Introdução: Até o século passado, as principais causas de mortalidade no Brasil e no mundo eram as doenças infecciosas e a fome. No entanto, com as mudanças no perfil epidemiológico ao longo do século XXI, as doenças crônicas não transmissíveis, como Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), passaram a predominar na morbimortalidade. Nesse sentido, Atenção Primária à Saúde (APS) desempenha um papel crucial na prevenção, detecção precoce, tratamento e acompanhamento dessas condições, ainda que muitos pacientes continuem a enfrentar complicações graves, como doenças cardiovasculares e renais. Objetivo: O objetivo deste estudo foi descrever a prevalência e o perfil epidemiológico de internações e óbitos por DM e HAS no estado da Bahia entre 2010 e 2022. Métodos: Foi realizado um estudo ecológico e descritivo com base nos dados dos Sistemas de Informação Hospitalar e de Mortalidade do DataSUS. A população-alvo incluiu residentes do estado da Bahia, com descrição de variáveis como internação e óbito de acordo com sexo, cor/raça, faixa etária, escolaridade, estado civil, caráter e regime de atendimento e local do óbito. Por se tratar de dados de domínio público, não foi necessária a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: No período, foram registradas 164.176 internações por DM, sendo a maioria de pacientes mulheres, com 60 anos ou mais e que se autodeclararam pardas. Em relação à HAS, ocorreram 127.080 internações, com o mesmo perfil de prevalência: pacientes do sexo feminino, com 60 anos ou mais e que se autodeclararam pardas. Foram registrados 67.385 óbitos atribuídos ao DM e 55.485 à HAS, com perfil de prevalência semelhante: pessoas do sexo feminino, maiores de 70 anos, pardas e com baixa escolaridade. O coeficiente de mortalidade para DM variou de 28,8 por 100.000 habitantes em 2010 para 46,5 em 2022, e o para HAS variou de 24,8 em 2010 para 43 em 2022. Ademais, 97,7% dos atendimentos relacionados ao DM e 98,8% à HAS ocorreram em situações de urgência. Conclusões: Esses achados evidenciam a necessidade de fortalecer a APS, com foco na prevenção, no diagnóstico precoce, no tratamento adequado e no controle do DM e da HAS para evitar complicações graves, hospitalizações e óbitos por essas causas. A implementação de programas de educação em saúde, visando à promoção de estilos de vida saudáveis, é crucial para reduzir a incidência dessas doenças. Além disso, é fundamental garantir condições de vida e trabalho que promovam escolhas saudáveis e o acesso equitativo aos serviços de saúde, especialmente para as populações mais vulneráveis, a fim de reduzir as desigualdades em saúde.
Downloads
Métricas
Referências
Buchalla CM, Waldman EA, Latorre MRDO. A mortalidade por doenças infecciosas no início e no final do século XX no município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2003;6(4):335-44. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2003000400008 DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-790X2003000400008
World Health Organization. Noncommunicable diseases [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2023 [acessado em 29 jul. 2024]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/noncommunicable-diseases.
Alwan A, Maclean DR, Riley LM, d'Espaignet ET, Mathers CD, Stevens GA, et al. Monitoring and surveillance of chronic non-communicable diseases: progress and capacity in high-burden countries. Lancet 2010;376(9755):1861-8. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)61853-3 DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)61853-3
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas e agravos não transmissíveis no Brasil 2021-2030 [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021.
Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2006-2020: morbidade referida e autoavaliação de saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de morbidade referida e autoavaliação de saúde nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. 56 p. ISBN: 978-65-5993-160-6.
World Health Organization. WHO releases new guidance on monitoring the social determinants of health equity [Internet]. 2024 [ acessado em 29 jul. 2024]. Disponível em: https://www.who.int/news/item/19-02-2024-who-releases-new-guidance-on-monitoring-the-social-determinants-of-health-equity.
Rodacki M, Teles M, Gabbay M, Montenegro R, Bertoluci M. Classificação do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes. S.l.: Sociedade Brasileira de Diabetes; 2022. https://doi.org/10.29327/557753.2022-1 DOI: https://doi.org/10.29327/557753.2022-1
Harreiter J, Roden M. Diabetes mellitus – Definition, Klassifikation, Diagnose, Screening und Prävention (update 2019). Wien Klin Wochenschr 2019;131(S1):6-15. https://doi.org/10.1007/s00508-019-1450-4 DOI: https://doi.org/10.1007/s00508-019-1450-4
International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas. 10th ed. 2021 [acessado em 30 jul. 2024]. Disponível em: https://diabetesatlas.org/.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Brasil já tem cerca de 20 milhões de pessoas com diabetes [Internet]. S.l.: SBD; 2024 [acessado em 30 jul. 2024]. Disponível em: https://diabetes.org.br/brasil-ja-tem-cerca-de-20-milhoes-de-pessoas-com-diabetes/.
Sá JR, Canani LH, Rangel EB, Bauer AC, Escott GM, Zelmanovitz T, et al. Avaliação e tratamento da doença renal do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes. S.l.: Sociedade Brasileira de Diabetes; 2024. DOI: https://doi.org/10.29327/5412848.2024-6
Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial – 2020. Arq Bras Cardiol 2021;116(3):516-58. https://doi.org/10.36660/abc.20201238 DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20201238
Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Hipertensão atinge mais de 30 milhões de pessoas no Brasil [Internet]. São Paulo: Socesp; 2023 [acessado em 30 jul. 2024]. Disponível em: https://socesp.org.br/noticias/area-medica/hipertensao-atinge-mais-de-30-milhoes-de-pessoas-no-brasil/.
Pereira M, Lunet N, Azevedo A, Barros H. Differences in prevalence, awareness, treatment, and control of hypertension between developing and developed countries. J Hypertens 2009;27(5):963-75. https://doi.org/10.1097/HJH.0b013e3283282f65 DOI: https://doi.org/10.1097/HJH.0b013e3283282f65
Paiva MHP, Miranda VA Filho, Oliveira ARS, Cruz KJC, Araújo RMS, Oliveira KA. Prevalence of metabolic syndrome and its components in Brazilian adolescents: a systematic review and meta-analysis. Rev Paul Pediatr 2022;41. https://doi.org/10.1590/1984-0462/2023/41/2021145 DOI: https://doi.org/10.1590/1984-0462/2023/41/2021145
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Bahia: Cidades e Estados [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2024 [acessado em 30 jul. 2024]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ba.html.
Bahia. Secretaria de Estado da Economia. Relatório sobre fome e pobreza [Internet]. Salvador: SEI; 2023 [acessado em 30 jul. 2024]. Disponível em: https://sei.ba.gov.br/images/publicacoes/download/situacao_economica/relatorio_fome_e_pobreza.pdf.
Lima Filho CA, Santos Lobo MJ, Rezende Gava PH, Schuster Farias TC, Jambo Cantarelli AL, Sabino PG de S, Bernardino A de O. Perfil das internações por diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica: um estudo descritivo. Rev Nursing 2023;26(302):9810-6. https://doi.org/10.36489/nursing.2023v26i302p9810-9816 DOI: https://doi.org/10.36489/nursing.2023v26i302p9810-9816
Ribeiro GJS, Grigório KFS, Pinto AA. Prevalência de internações e mortalidade por diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica em Manaus: uma análise de dados do Datasus. Saúde (Santa Maria). 2021;47(1). https://doi.org/10.5902/2236583464572 DOI: https://doi.org/10.5902/2236583464572
São Paulo (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Grupo de Análise e Informação em Saúde (GAIS). Boletim GAIS Informa, nº 82 [Internet]. São Paulo: SES-SP; 2023 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://portal.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/gais-informa/gais_82.pdf.
Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. [Internet]. São Paulo: Departamento de Hipertensão Arterial, Sociedade Brasileira de Cardiologia; 2020 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf.
Brasil. Ministério da Saúde. Diabetes [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2024 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes#:~:text=A%20causa%20do%20diabetes%20tipo%202%20est%C3%A1%20diretamente%20relacionado%20ao,aparecer%20junto%20com%20o%20diabetes.
Brasil. Ministério da Saúde. Linhas de Cuidado para a Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas: Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linhas_cuidado_hipertensao_diabetes.pdf.
Oliveira GMM, Almeida MCC, Marques-Santos C, Costa MENC, Carvalho RCM, Freire CMV, et al. Position Statement on Women's Cardiovascular Health – 2022. Arq Bras Cardiol 2022;119(5):815-82. https://doi.org/10.36660/abc.20220734 DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20220734
Sociedade Brasileira de Diabetes. Diabetes cresce mais rapidamente entre mulheres durante a pandemia [Internet]. 2023 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://diabetes.org.br/diabetes-cresce-mais-rapidamente-entre-mulheres-durante-a-pandemia/.
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Hipertensão arterial e os impactos significativos na saúde da mulher em diferentes fases da vida [Internet]. 2023 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1867-hipertensao-arterial-e-os-impactos-significativos-na-saude-da-mulher-em-diferentes-fases-da-vida.
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Mais exercícios, menos medicamentos: as particularidades do tratamento do diabetes na terceira idade [Internet]. Rio de Janeiro: SBGG; 2021 [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://sbgg.org.br/mais-exercicios-menos-medicamentos-as-particularidades-do-tratamento-do-diabetes-na-terceira-idade/.
Zacher M. Educational Disparities in Hypertension Prevalence and Blood Pressure Percentiles in the Health and Retirement Study. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2023;78(9):1535-44. https://doi.org/10.1093/geronb/gbad084 DOI: https://doi.org/10.1093/geronb/gbad084
Rodrigues FFL, Santos MA, Teixeira CR de S, Gonela JT, Zanetti ML. Relação entre conhecimento, atitude, escolaridade e tempo de doença em indivíduos com diabetes mellitus. Acta paul enferm. 2012;25(2):284-90. https://doi.org/10.1590/S0103-21002012000200020 DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-21002012000200020
Wilkinson RG, Marmot M. Social determinants of health: the solid facts. 2nd ed. [S.l.]: World Health Organization; 2003.
Braveman P, Egerter S, Williams DR. The social determinants of health: coming of age. Annu Rev Public Health 2011;32:381-98. https://doi.org/10.1146/annurev-publhealth-031210-101218 DOI: https://doi.org/10.1146/annurev-publhealth-031210-101218
Bahia. Secretaria da Saúde. Atenção à Saúde: CAMAB [Internet]. [acessado em 19 out. 2024]. Disponível em: https://www.saude.ba.gov.br/atencao-a-saude/dab/camab/.
Mills KT, Bundy JD, Kelly TN, Reed JE, Kearney PM, Reynolds K, et al. Global disparities of hypertension prevalence and control: a systematic analysis of population-based studies from 90 countries. Circulation 2020;134(6):441-450. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.115.018912 DOI: https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.115.018912
Costa LF, Sampaio TL, Moura L, Rosa RS, Iser BPM. Time trend and costs of hospitalizations with diabetes mellitus as main diagnosis in the Brazilian National Health System, 2011 to 2019. Epidemiol Serv Saúde 2023;32(4):e2023509. https://doi.org/10.1590/S2237-96222023000400006.en DOI: https://doi.org/10.1590/s2237-96222023000400006.pt
Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [acessado em 01 jul. 2023]. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/sistema-de-informacoes-hospitalares-do-sus-sih-sus/
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Tatiana Sampaio da Silva, Murilo Pedreira Neves Júnior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.