Funcionamento 24 horas para Unidades de Saúde da Família: uma solução para ampliação de acesso? Um ensaio sobre as “Upinhas” do Recife
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc12(39)1529Palavras-chave:
Plantão Médico. Controle de Acesso. Atenção Primária à Saúde. Medicina de Família e Comunidade.Resumo
A Atenção Primária à Saúde é via preferencial de acesso ao sistema de saúde, tendo em vista seu papel ordenador, os benefícios da continuidade do cuidado e resolutividade deste nível de atenção. Diversas barreiras de acesso, dentre eles o horário restrito de funcionamento, fazem com que esse primeiro contato não seja facilitado. No Recife, novos equipamentos de Atenção Primária à Saúde vêm sendo implantados desde o ano de 2013: as “Upinhas 24 horas”. O objetivo deste trabalho é analisar o modelo “Upinha” apresentado como uma solução para ampliação de acesso. Foi realizada uma revisão da literatura sobre diversas estratégias existentes de ampliação do acesso, a partir das quais se analisou criticamente o modelo “Upinha 24 horas” às lentes dos modelos vigentes. Horário estendido, acesso avançado e acolhimento à demanda espontânea foram os modelos de ampliação de acesso revisados para embasar a discussão. O impacto do horário estendido na ampliação do acesso pode ser minimizado se outras medidas, como mudanças no modelo de agendamento, priorizando o acesso avançado, não forem concomitantemente implantadas. O modelo “Upinha 24 horas”, da forma como se apresenta, parece ser baseado na concepção de uma Atenção Primária à Saúde que funciona como complemento para “desafogar” os serviços de atendimento às urgências já existentes e não como ordenadora do serviço de atenção às urgências. Apesar de apontar numa direção inicialmente acertada, a implantação das “Upinhas 24 horas” parece ainda ser uma proposta incipiente na garantia de acesso.
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