Saúde da população LGBT+ no contexto da atenção primária em saúde: relato de oficina realizada no internato integrado de Medicina de Família e Comunidade/Saúde Mental em uma universidade pública

Autores

  • Gabriela Bueno Loria Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Guilherme Martinolli Faig Canesin Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Guilherme Martins Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Gustavo Henrique de Oliveira Amorim Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Julia Mendes de Melo Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Laerte Romualdo Santos Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Larissa Fonte Dutra da Rosa Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Clarisse Rinaldi Salles de Santiago Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Denise da Silva Mattos Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Michele Lopes Pedrosa Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Erotildes Maria Leal Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1807

Palavras-chave:

Saúde das Minorias, Minorias Sexuais e de Gênero, Educação Médica, Atenção Primária à Saúde, Medicina de Família e Comunidade

Resumo

 

Introdução: A saúde da população LGBT+ apresenta particularidades e vulnerabilidades que requerem atenção diferenciada. Sensibilizar e qualificar profissionais de saúde para as necessidades dessa população é fundamental para garanti-la o direito à saúde. Os currículos das graduações em saúde, que em geral não incorporam tais questões, têm sido interrogados pelo alunado com denúncias de LGBTfobia no curso médico e reivindicação de capacitação prática. Nesse contexto, o Internato Integrado de Medicina de Família e Comunidade e Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro organizou oficina sobre Saúde da População LGBT, apresentada neste artigo. Métodos: Realizada em maio de 2018, teve como público alvo internos em estágio curricular na Atenção Primária em Saúde (APS), no município do Rio de Janeiro. Sensibilizar para o tema e apresentar ferramentas úteis para o cuidado na APS, e em outros cenários, foram os objetivos. Graduandos de medicina autodeclarados LGBT+ foram convidados a assumir a condução da atividade, preparada sob orientação de professoras do internato. O protagonismo dado a esses alunos permitiu articular à expertise científica, promovida nos estudos regulares sobre o tema, a expertise experiencial. A oficina ocorreu em 4 tempos: i) sensibilização; ii) discussão de casos; iii) informação e exposição de orientações para boas práticas em saúde; iv) dúvidas e avaliação. A duração total foi de 4 horas, com metodologias ativas e participativas. Resultados: Os objetivos foram alcançados e a atividade bem avaliada em sua organização e execução. Avaliação narrativa foi realizada com alunos e professores organizadores. Os internos participantes responderam questionário online com perguntas abertas e fechadas e também avaliaram positivamente a atividade nos quesitos metodologia e conteúdo. Conclusão/Desdobramentos: A oficina foi incluída nas atividades regulares do internato. Estão em construção, com vistas a difundir esses conhecimentos a outros estudantes do curso médico e a profissionais da rede de saúde municipal, disciplina eletiva e projeto de extensão. A inclusão longitudinal do tema no currículo permanece como desafio.


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Biografia do Autor

Gabriela Bueno Loria, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluna de graduação

Guilherme Martinolli Faig Canesin, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluno de graduação

Guilherme Martins Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluno de graduação

Gustavo Henrique de Oliveira Amorim, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluno de graduação

Julia Mendes de Melo, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluna de graduação

Laerte Romualdo Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluno de graduação na época da atividade.

Larissa Fonte Dutra da Rosa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Aluna de graduação

Clarisse Rinaldi Salles de Santiago, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Médica psiquiatra; supervisora docente do internato integrado em Medicina de Família e Saúde Mental

Denise da Silva Mattos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Médica; Professora colaboradora do Departamento de Medicina de Família e Comunidade

Michele Lopes Pedrosa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Medica ginecologista e sanitarista; supervisora docente do internato integrado em Medicina de Família e Comunidade e Saúde Mental.

Erotildes Maria Leal, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Médica psiquiatra; Professora Adjunta do Departamento de Medicina de Família e Comunidade

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Publicado

2019-07-16

Como Citar

1.
Loria GB, Faig Canesin GM, Silva GM, Amorim GH de O, de Melo JM, Santos LR, da Rosa LFD, de Santiago CRS, Mattos D da S, Pedrosa ML, Leal EM. Saúde da população LGBT+ no contexto da atenção primária em saúde: relato de oficina realizada no internato integrado de Medicina de Família e Comunidade/Saúde Mental em uma universidade pública. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 16º de julho de 2019 [citado 12º de novembro de 2024];14(41):1807. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/1807

Edição

Seção

Especial Diversidade e Direitos Humanos na APS

Plaudit