Sintomas vestibulares encaminhados ao otorrinolaringologista pela atenção primária da cidade do Recife

Autores

  • Débora Bunzen Prefeitura Municipal da Cidade do Recife – Recife (PE), Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1780-3267
  • Fabianne Lima Prefeitura Municipal da Cidade do Recife – Recife (PE), Brasil.
  • Maria Eduarda Figueiredo Prefeitura Municipal da Cidade do Recife – Recife (PE), Brasil.
  • Larissa Fontinele Prefeitura Municipal da Cidade do Recife – Recife (PE), Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc16(43)2751

Palavras-chave:

Tontura, Vertigem, Encaminhamento e consulta, Atenção primária à saúde, Listas de espera, Labirintite.

Resumo

Introdução: A Atenção Primária é a “porta de entrada” do usuário ao Sistema Único de Saúde. Caso o médico tenha dificuldade em conduzir o caso, ele encaminha-o a um especialista. A otorrinolaringologia é uma das especialidades que mais recebe referências, com longo tempo de espera em nosso meio. Objetivo: Estimar a frequência das queixas de tontura e suspeita de doença vestibular nos encaminhamentos dos pacientes que aguardam consulta com otorrinolaringologista. Há poucos estudos semelhantes na literatura, e esse levantamento é importante para traçar o perfil desses pacientes e planejar ações de saúde pública. Métodos: Estudo observacional, longitudinal, descritivo, baseado na coleta de dados secundários do Sistema de Regulação da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife. Foram incluídas as solicitações dos médicos da Estratégia Saúde da Família para o serviço de otorrinolaringologia em outubro-novembro de 2019, que estavam na fila de espera desde junho–julho de 2018. Resultados: A frequência dos encaminhamentos por tontura e suspeita de doença vestibular foi 22,5% de todas as solicitações para otorrinolaringologia. O tempo de espera foi um ano e quatro meses. A maioria era de mulheres (74,7%) e idosos acima de 60 anos (48,3%). Os motivos dos encaminhamentos foram: zumbido (43,2%), labirintite (20%), múltiplos sintomas (17,3%), tontura (11,6%), vertigem (3,9%), labirintopatia (3,6%) e vertigem posicional paroxística benigna (0,6%). Os sintomas aumentam com a idade. Conclusão: A taxa de encaminhamento foi compatível com a literatura. O zumbido é um sintoma muito incômodo, comum tanto nas doenças do labirinto quanto em outras patologias, por isso a alta frequência de solicitação. O termo labirintite nem sempre se refere à neuronite vestibular, mas erroneamente pode ser usado para qualquer síndrome vertiginosa, o que pode justificar a alta taxa de encaminhamento em detrimento de outras vestibulopatias. A educação continuada na Atenção Primária é importante tanto para o diagnóstico correto quanto para a solicitação apropriada da interconsulta. É preciso novas estratégias para diminuir o tempo de espera, como o aumento da oferta de serviços de especialistas, a qualificação da demanda e a otimização do sistema de regulação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

(1) Bisdorff A, Von Brevern M, Lempert T, Newman-Toker DE. Classification of vestibular symptoms: towards an international classification of vestibular disorders. J Vestib Res. 2009;19(1-2):1-13. https://doi.org/10.3233/VES-2009-0343 DOI: https://doi.org/10.3233/VES-2009-0343

(2) Edlow JA, Gurley KL, Newman-Toker DE. A new diagnostic approach to the adult patient with acute dizziness. J Emerg Med 2018;54(4):469-83. https://doi.org/10.1016/j.jemermed.2017.12.024 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jemermed.2017.12.024

(3) Kovacs E, Wang X, Grill E. Economic burden of vertigo: a systematic review. Health Econ Rev 2019;9(1):37. https://doi.org/10.1186/s13561-019-0258-2 DOI: https://doi.org/10.1186/s13561-019-0258-2

(4) Neuhauser HK. The epidemiology of dizziness and vertigo. Handb Clin Neurol 2016;137:67-82. https://doi.org/10.1016/B978-0-444-63437-5.00005-4 DOI: https://doi.org/10.1016/B978-0-444-63437-5.00005-4

(5) Bittar RSM, Oiticica J, Bottino MA, Ganança FF, Dimitrov R. Population epidemiological study on the prevalence of dizziness in the city of São Paulo. Braz J Otorhinolaryngol 2013;79(6):688-98. https://doi.org/10.5935/1808-8694.20130127 DOI: https://doi.org/10.5935/1808-8694.20130127

(6) Bösner S, Schwarm S, Grevenrath P, Schmidt L, Hörner K, Beidatsch D, et al. Prevalence, aetiologies and prognosis of the symptom dizziness in primary care - a systematic review. BMC Fam Pract 2018;19(1):33. https://doi.org/10.1186/s12875-017-0695-0 DOI: https://doi.org/10.1186/s12875-017-0695-0

(7) Coumou HCH, Meijman FJ. How do primary care physicians seek answers to clinical questions? A literature review. J Med Libr Assoc 2006;94(1):55-60. PMID: 16404470

(8) Mori NLR, Olbrich Neto J, Spagnuolo RS, Juliani CMCM. Resolution, access, and waiting time for specialties in different models of care. Rev Saude Publica 2020;54:18. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001627 DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001627

(9) Wun Y, Lu X, Liang W, Dickinson J. The work by the developing primary care team in China: a survey in two cities. Fam Pract 2000;17(1):10-5. https://doi.org/10.1093/fampra/17.1.10 DOI: https://doi.org/10.1093/fampra/17.1.10

(10) Bird JC, Beynon GJ, Prevost AT, Baguley DM. An analysis of referral patterns for dizziness in the primary care setting. Br J Gen Pract 1998;48(437):1828-32. PMID: 10198501

(11) Ministério da Saúde. Manual do Regulador/Autorizador SISREG III. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. Disponível em: http://www.saude.mt.gov.br/upload/documento/179/manual-do-reguladorautorizador-sisreg-iii-[179-021210-SES-MT].pdf

(12) Magalhães GSG, Correia IB, Araújo KS, Eymael PP. Teleconsultorias para filas de espera: educação permanente, redes colaborativas e equidade no acesso aos serviços de saúde em Recife. In: Pernambuco. Governo do Estado. Secretaria de Saúde. Experiências em educação permanente em saúde no estado de Pernambuco: formação que se constrói em rede. Recife: Secretaria da Saúde; 2010. p. 98-108. Disponível em: https://ead.saude.pe.gov.br/pluginfile.php/16348/mod_resource/content/3/Livro%20Experiencias%20em%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20em%20Sa%C3%BAde%20em%20Pernambuco.pdf

(13) Martins TF, Mancini PC, Souza LM, Santos JN. Prevalência de tontura na população do Estado de Minas Gerais, Brasil, e suas relações com as características socioeconômicas demográficas e condições de saúde. Braz J Otorhinolaryngol 2017;83(1):29-37. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.01.015 DOI: https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.01.015

(14) Lastrucci V, Lorini C, Rinaldi G, Bonaccorsi G. Identification of fall predictors in the active elderly population from the routine medical records of general practitioners. Prim Health Care Res Dev 2018;19(2):131-9. https://doi.org/10.1017/S146342361700055X DOI: https://doi.org/10.1017/S146342361700055X

(15) Guerra-Jiménez G, Rodríguez AA, González JCF, Plasencia DP, Macías ÁR. Epidemiología de los trastornos vestibulares en la consulta de otoneurología. Acta Otorrinolaringológica Española 2017;68(6):317-22. https://doi.org/10.1016/j.otorri.2017.01.007 DOI: https://doi.org/10.1016/j.otorri.2017.01.007

(16) Geser R, Straumann D. Referral and final diagnoses of patients assessed in an academic vertigo center. Front Neurol 2012;3:169. https://doi.org/10.3389/fneur.2012.00169 DOI: https://doi.org/10.3389/fneur.2012.00169

(17) Moi Trevisol D, Melz G, Dias de Castro Filho E, Nascimento Fontanive V. Referências médicas evitáveis em unidade de saúde de Porto Alegre: um estudo exploratório. Rev Bras Med Fam Comunidade 2020;15(42):2129. https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2129 DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2129

(18) Bisdorff A, Bosser G, Gueguen R, Perrin P. The epidemiology of vertigo, dizziness, and unsteadiness and its links to co-morbidities. Front Neurol 2013;4:29. https://doi.org/10.3389/fneur.2013.00029 DOI: https://doi.org/10.3389/fneur.2013.00029

(19) Berk E, Koca TT, Güzelsoy SS, Nacitarhan V, Demirel A. Evaluation of the relationship between osteoporosis, balance, fall risk, and audiological parameters. Clin Rheumatol 2019;38(11):3261-8. https://doi.org/10.1007/s10067-019-04655-6 DOI: https://doi.org/10.1007/s10067-019-04655-6

(20) Bastos LBR, Barbosa MA, Rosso CFW, Oliveira LMAC, Ferreira IP, Bastos DAS, et al. Practices and challenges on coordinating the Brazilian Unified Health System. Rev Saude Publica 2020;54:25. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001512 DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001512

(21) Silveira MSD, Cazola LHO, Souza AS, Pícoli RP. Processo regulatório da Estratégia Saúde da Família para a assistência especializada. Saúde Debate 2018;42(116):63-72. https://doi.org/10.1590/0103-1104201811605 DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104201811605

(22) Grill E, Penger M, Kentala E. Health care utilization, prognosis and outcomes of vestibular disease in primary care settings: systematic review. J Neurol 2016;263(Suppl 1):S36-44. https://doi.org/10.1007/s00415-015-7913-2 DOI: https://doi.org/10.1007/s00415-015-7913-2

Publicado

2021-12-29

Como Citar

1.
Bunzen D, Lima F, Figueiredo ME, Fontinele L. Sintomas vestibulares encaminhados ao otorrinolaringologista pela atenção primária da cidade do Recife. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 29º de dezembro de 2021 [citado 18º de abril de 2024];16(43):2751. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2751

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit