Percepção dos usuários que buscaram atendimento na Atenção Primária à Saúde durante a pandemia de COVID-19 em Fortaleza, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc20(47)3797Palavras-chave:
COVID–19, Pandemias, Atenção Primária à Saúde, Satisfação do Paciente, Avaliação do Impacto na SaúdeResumo
Introdução: Para conter a disseminação da pandemia de COVID-19, os sistemas de saúde de todo o mundo priorizaram as consultas de emergência em detrimento da atenção primária. Objetivo: Avaliar as percepções dos usuários sobre o atendimento médico recebido nos serviços públicos de Atenção Primária à Saúde (APS) em Fortaleza, Ceará, Brasil, durante a pandemia, de abril de 2020 a julho de 2021. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com entrevista e análise de prontuários eletrônicos (PE). De agosto a novembro de 2021, 126 participantes foram recrutados em três unidades de APS. Os participantes responderam a um questionário de 13 itens para avaliar a percepção sobre o atendimento recebido. A análise de regressão logística ordinal foi realizada para examinar os fatores que influenciaram as percepções dos usuários quanto ao atendimento recebido. Resultados: Participaram 107 mulheres (84,9%) e 19 homens (15,1%), com idade média de 39,7 anos. Entre os participantes, 42,9% esperaram até 60 minutos pelos atendimentos e 69% acreditavam que a pandemia interferiu nesse tempo de espera. A maioria das pessoas (78,6%) concordou que era necessário aumentar a quantidade de médicos para garantir um atendimento adequado. O distanciamento, as máscaras e os protetores faciais atrapalharam as consultas, segundo 16,7% dos entrevistados. A maioria (53,2%) classificou o atendimento recebido como “muito bom”. Dados dos PE de 58 participantes foram coletados. Os grupos de códigos CID-10 mais comuns na emergência foram: consultas gerais e queixas não específicas (25,2%), sintomas respiratórios e casos de COVID-19 (11,5%) e pré-natal (9,6%). Os fatores que influenciaram a percepção sobre o atendimento foram: acreditar que havia médicos suficientes disponíveis para atender às consultas; acreditar que a pandemia interferiu nos tempos de espera; a acessibilidade dos profissionais de saúde para orientação; ser mulher e o número de vezes que obteve medicação. Conclusões: A maioria dos participantes classificou o atendimento médico recebido como muito bom, apesar da sobrecarga pandêmica e das mudanças no trabalho dos profissionais de saúde.
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