Uso de gamificação como estratégia para modificar a saúde de gestantes e lactentes numa comunidade carente de Curitiba

Canguru de Boa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3833

Palavras-chave:

Gestação, Puericultura, Absenteísmo, Gamificação.

Resumo

Introdução: A gestação e a consequente chegada de um novo filho são períodos de extrema importância na vida de uma família. Para minimizar riscos e garantir uma boa evolução da gestação é necessário acompanhamento periódico, com uma rotina bem estabelecida de exames e consultas médicas. Em uma unidade de saúde que atende uma população carente do município de Curitiba (PR) nem sempre as gestantes comparecem às consultas agendadas ou realizam os exames solicitados. O acompanhamento da puericultura também é prejudicado por essas faltas. Método: Como forma de tentar enfrentar esse problema foi criado um aplicativo de computador que realizou interações automatizadas com as gestantes e mães de lactentes atendidas nessa unidade. O principal objetivo foi avaliar as dificuldades no seu desenvolvimento e uso. O aplicativo foi programado para enviar mensagens para o WhatsApp das participantes sempre que um novo marco fosse atingido, fosse ele o avanço da idade gestacional, fosse o lembrete para uma consulta. Também enviou mensagens de incentivo para as ações positivas realizadas, como o comparecimento nas consultas pré-agendadas e a permanência no programa. Tais mensagens fizeram parte de um processo de gamificação — emprego de técnicas comuns aos jogos em situações de não jogo —, com recompensas por meio de pontuação virtual (emojis) de acordo com metas cumpridas. Resultados: O aplicativo ficou ativo por nove meses, sendo acompanhadas 28 gestantes e mães de lactentes. Apesar de algumas dificuldades relacionadas à obtenção de dados do sistema de prontuário eletrônico preexistente, bem como o trabalho manual envolvido na alimentação do aplicativo, este funcionou conforme o planejado. As participantes interagiram com o sistema, enviaram respostas demonstrando emoções positivas ao receberem alguma mensagem de incentivo, além de realizarem perguntas diversas ao sistema. Metade das participantes respondeu ao questionário final de avaliação, todas com respostas favoráveis ao seu uso. Conclusões: O uso da gamificação por meio de interação via WhatsApp é funcional e factível. Entretanto, conclui-se que o ideal seria que um software dessa natureza fosse desenvolvido como um módulo do prontuário eletrônico já existente e em uso nas unidades de saúde. Apesar de essa integração ser uma proposta ousada e existirem inúmeras outras necessidades urgentes, a melhoria da aderência ao pré-natal é uma demanda mundial, e qualquer medida que possa evitar óbitos tanto de mulheres quanto de crianças é sempre louvável. Pesquisas futuras com grupos controle são necessárias para verificar se o processo de gamificação pode efetivamente melhorar a aderência bem como os desfechos de saúde das futuras gestações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Angelo Bannack, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Curitiba (PR), Brasil.

Médico de Família e Comunidade pela PUCPR em 2023, Especialista em Medicina de Família e Comunidade pela SBMFC/AMB em 2023, Médico formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2020, Mestre em Redes de Computadores pela UFPR em 2008, Bacharel em Informática pela UFPR em 2000.

Francisco Carlos Mouzinho de Oliveira, Universidade Federal do Paraná – Curitiba (PR), Brasil.

Possui graduação em MEDICINA pela Universidade Federal do Paraná (1987). Residência em Medicina Preventiva e Social pela Universidade Estadual de Londrina, especialização em Gerência de Serviços de Saúde (GERUS) pela PUC Pr, especialização em Saúde Coletiva pela UFPr, especialização em Medicina Ambulatorial pela Faculdade Evangélica do Paraná. Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho pela Universidade Vale do Itajaí. Atualmente é médico de família da Prefeitura Municipal de Curitiba, Professor Auxiliar do Departamento de Saúde Coletiva da UFPr. Coordenador da Residência de Medicina de Família da UFPr, tutor principal do Programa Mais Médicos UFPr/Pr, professor do curso de medicina na UFPr na disciplina, Atenção Integral à Saúde I e nas Faculdades Pequeno Príncipe na disciplina de epidemiologia. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em SAÚDE DA FAMÍLIA, atuando principalmente nos seguintes temas: educação em saúde, política de saúde, saúde da família, avaliação de serviços, epidemiologia e violência doméstica.

Referências

Tunçalp Ӧ, Pena-Rosas J, Lawrie T, Bucagu M, Oladapo OT, Portela A, et al. WHO recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience-going beyond survival. BJOG 2017;124(6):860-2. https://doi.org/10.1111/1471-0528.14599 DOI: https://doi.org/10.1111/1471-0528.14599

Simkhada B, van Teijlingen E, Porter M, Simkhada P. Factors affecting the utilization of antenatal care in developing countries: systematic review of the literature. J Adv Nurs 2008;61(3):244-60. https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2007.04532.x DOI: https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2007.04532.x

Curitiba. Mãe Curitibana vale a vida [Internet]. [acessado em 16 jan. 2023]. Disponível em: https://saude.curitiba.pr.gov.br/atencao-primaria/protocolo-mae-curitibana.html

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde; 2012

Tomazetti BM, Hermes L, Martello NV, Schmitt PM, Braz MM, Hoffmann IC. A qualidade da assistência pré-natal sob olhar multiprofissional. Ciência e Saúde 2018;11(1): 41-50. https://doi.org/10.15448/1983-652X.2018.1.27078 DOI: https://doi.org/10.15448/1983-652X.2018.1.27078

Putri ER, Rasipin, Santoso B. Antenatal education model based gamification in terms of knowledge and attitude among pregnant women in the antenatal classes. Int J Innov Sci Res Technol 2020;5(7):1181-4 DOI: https://doi.org/10.38124/IJISRT20JUL786

Sardi L, Idri A, Fernández-Alemán J. A systematic review of gamification in e-Health. J Biomed Inform 2017;71:31-48. https://doi.org/10.1016/j.jbi.2017.05.011 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jbi.2017.05.011

Mayes J, White A, Byrne M, Mogg J. How smartphone technology is changing healthcare in developing countries. Journal of Global Health 2017;VII(II):36-8. https://doi.org/10.7916/thejgh.v6i2.4993

Amaral LM, Teixeira Jr JE. Cuidado remoto na APS: experiência do uso do celular em uma equipe de Saúde da Família de área de favela durante a crise da COVID-19. Rev APS 2020;23(3):706-16. https://doi.org/10.34019/1809-8363.2020.v23.30813 DOI: https://doi.org/10.34019/1809-8363.2020.v23.30813

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População [Internet]. [acessado em 12 jan. 2023] Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao

Izecksohn MMV. Falta às consultas médicas agendadas: percepções dos usuários acompanhados pela Estratégia de Saúde da Família, Manguinhos, Rio de Janeiro [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2013. DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc9(32)960

Silveira GS, Ferreira PR, Silveira DS, Siqueira FCV. Prevalência de absenteísmo em consultas médicas em unidade básica de saúde do sul do Brasil. Rev Bras Med Fam Comunidade 2019;13(40):1-7. https://doi.org/10.5712/rbmfc13(40)1836 DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc13(40)1836

ChatGPT. ChatGPT: optimizing language models for dialogue [Internet]. [acessado em 31 jan. 2023]. Disponível em: https://openai.com/blog/chatgpt/

Downloads

Publicado

2023-12-05

Como Citar

1.
Bannack A, Oliveira FCM de. Uso de gamificação como estratégia para modificar a saúde de gestantes e lactentes numa comunidade carente de Curitiba: Canguru de Boa. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 5º de dezembro de 2023 [citado 22º de dezembro de 2024];18(45):3833. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3833

Edição

Seção

Especial Residência Médica

Plaudit