Análise do pré-natal das mães de crianças de uma coorte de sífilis congênita baseada nas solicitações dos exames sorológicos
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc20(47)4143Palavras-chave:
Sorologia, Cuidado pré-natal, Transmissão vertical de doenças infecciosas, Sífilis congênita, Prevenção de doençasResumo
Introdução: A identificação do status sorológico no pré-natal é fundamental para prevenir infecções na gestante, diagnosticar e tratar a mãe e concepto. Entretanto, as solicitações devem seguir as recomendações científicas, baseadas em estudos de custo-efetividade. Objetivos: Descrever a requisição de testes sorológicos no pré-natal de uma coorte de sífilis congênita e avaliar a pertinência das solicitações e das condutas diante dos resultados. Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo com análise de dados do pré-natal de mães com sífilis gestacional, cujos filhos fizeram parte de uma coorte prospectiva de crianças infectadas ou expostas ao Treponema pallidum na gestação. Para comparação da mediana de variáveis contínuas, foi aplicado o teste de Mann-Whitney e, para variáveis categóricas, o teste exato de Fisher, sendo o nível de significância de 0,05%. Resultados: O pré-natal foi realizado em 94,5%, com seis ou mais consultas em 75% das mães. O primeiro VDRL foi realizado em 90% das mulheres, porém repetido em 51%. O segundo anti-HIV foi realizado em apenas 26% dos casos. Somente 9% das gestantes suscetíveis repetiram a sorologia para toxoplasmose. Apesar de não recomendadas, a sorologia para rubéola foi realizada em 66 %, e para citomegalovírus (CMV) em 58% dos casos. A triagem para HIV, sífilis, hepatites e HTLV não foi realizada com a frequência recomendada. Conclusões: Observam-se alguns equívocos na solicitação das sorologias e na condução de seus resultados nessa coorte. É importante a capacitação dos profissionais de saúde, assim como a estruturação da rede laboratorial para o atendimento adequado das gestantes.
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