Prevalência de sintomas de doenças musculoesqueléticas na área de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde

Autores

  • Marcia Midori Shinzato Universidade Federal da Grande Dourados Dourados (MS), Brazil. https://orcid.org/0000-0002-0199-8189
  • Marcelo Kinashi Universidade Federal da Grande Dourados Dourados (MS), Brazil.

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)4195

Palavras-chave:

Doenças musculoesqueléticas, Atenção Primária à Saúde, Epidemiologia.

Resumo

Introdução: As doenças musculoesqueléticas (DMSQ) são causas importantes de incapacidade física que tem como consequências a redução da qualidade de vida e o aumento dos custos em saúde. Objetivo: Este estudo teve o objetivo de descrever a prevalência de sintomas de DMSQ e da incapacidade física associada a esses sintomas em uma área de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da família em área periurbana, além de analisar a associação da presença desses sintomas com características demográficas e doenças crônicas mais frequentes. Métodos: Estudo transversal realizado na área de cobertura de uma UBS periurbana entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019 na qual pessoas com mais de 15 anos, selecionadas ao acaso, foram entrevistadas com o questionário da primeira fase do Community Oriented Program for Control of Rheumatic Diseases (COPOCORD), traduzido e validado para a língua portuguesa. Essas pessoas também foram questionadas quanto à presença de outras doenças diagnosticadas e a medicações em uso. Além disso, foram realizadas medidas de peso, altura e circunferência da cintura de cada participante — os dois primeiros foram utilizados para cálculo do índice de massa corporal (IMC). Resultados: Neste estudo foram entrevistadas 372 pessoas com média de idade de 46,5 (±18,3) anos, sendo 212 (57%) do sexo feminino. A prevalência de indivíduos que apresentaram sintomas de DMSQ nos últimos sete dias foi de 66,4% (IC95% 61,6–71,2). Cerca da metade (48,6%) e quase um quarto (24,2%) dos participantes relataram sintomas de intensidade moderada e severa, respectivamente. Os locais mais afetados foram as costas (50,27%), o pescoço (34,9%) e os joelhos (30,64%). A maioria, 209/247 (84,6%), relatou dor em mais de um local e 129/247 (52.2%) relataram limitação física para atividades da vida diária. Das 247 pessoas, 102 (41,3%) procuraram assistência médica, a maioria, 70 (68,6%), na UBS. Indivíduos com sintomas de DMSQ tinham média de idade e de IMC significativamente mais elevada que indivíduos sem esses sintomas, além de apresentarem maior frequência de diabetes e ansiedade e/ou depressão. No entanto, em análise multivariada, nenhuma variável foi preditora independente de sintomas de DMSQ. Conclusões: Sintomas de DMSQ são prevalentes nessa comunidade e a atenção básica deve estar preparada para manejo e reabilitação das pessoas com essas doenças.

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Biografia do Autor

Marcia Midori Shinzato, Universidade Federal da Grande Dourados Dourados (MS), Brazil.

Médica reumatologista, professora associada do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados.

Marcelo Kinashi, Universidade Federal da Grande Dourados Dourados (MS), Brazil.

Médico formado pela Universidade Anhanguera UNIDERP. Residência médica em Medicina da Família e Comunidade do Hospital Universitário da UFGD. Residência médica em Medicina Fìsica e Reabilitação.

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Publicado

2024-10-19

Como Citar

1.
Shinzato MM, Kinashi M. Prevalência de sintomas de doenças musculoesqueléticas na área de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 19º de outubro de 2024 [citado 21º de novembro de 2024];19(46):4195. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/4195

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit