Tratamento do diabetes mellitus tipo 1

uma análise qualitativa do impacto do tratamento farmacológico e não farmacológico em crianças e adolescentes de uma cidade no sudoeste do Paraná

Resumo

Introdução: Define-se o Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) como deficiência absoluta de insulina devido à destruição autoimune das células beta. No Brasil, dados epidemiológicos apontam o impacto dessa doença na faixa etária pediátrica, visto que em 2021 o país esteve em terceiro lugar no ranking internacional de crianças e adolescentes com DM1. Mesmo que essencial, o diagnóstico precoce não é a etapa mais desafiadora. Viver com DM1 exige o compartilhamento do cuidado entre o diabético, sua família e uma equipe multiprofissional. Considerando que a eficácia do controle de tal patologia está relacionada à articulação entre tantos fatores, a presente pesquisa busca analisar qualitativamente o impacto do manejo terapêutico no cotidiano de pacientes com DM1, para ampliar o conhecimento dos profissionais de saúde e da comunidade acadêmica sobre a temática. Objetivo: Analisar qualitativamente o impacto do tratamento farmacológico e não farmacológico em crianças e adolescentes de 12 a 19 anos de idade, diagnosticados com diabetes mellitus do tipo 1 e residentes no sudoeste do Paraná, no contexto social e familiar. Métodos: Trata-se de um estudo observacional com abordagem qualitativa e análise individual. O recrutamento dos participantes seguiu o modelo de amostragem por conveniência com entrevistas semiestruturadas elaboradas pelas autoras. Para a análise de conteúdo, foi utilizado delimitação de categorias e subtemas. Resultados: A amostra é composta por pacientes do sexo feminino que possuem 12, 18 e 16 anos de idade. Quando diagnosticadas, possuíam 12, 13 e 12 anos, respectivamente. Atualmente, o regime de insulinoterapia conta com dois tipos de medicamentos. Ao considerar o histórico de internações relacionado ao diabetes, P1 foi internada 2 vezes, P2 relatou não saber precisar com exatidão e P3 afirmou ter sido hospitalizada cerca de 5 vezes. Para elas, o tempo dedicado ao controle de sua doença e a avaliação do seu nível glicêmico nunca interferiu negativamente em sua vida, mas a dieta é pouco flexível. Em todos os casos, as mães foram indicadas como o centro de sua rede de cuidados. Das três responsáveis, apenas uma afirmou ter recebido instruções sobre os cuidados que a doença de sua filha exige. Conclusões: Qualitativamente não houve percepção de perda da qualidade de vida. A DM tipo 1 foi compreendida como uma doença crônica e o impacto de seu manejo foi associado a benefícios, como redução do número de internações. Contudo, ressalta-se a carência de educação em saúde e da articulação de uma equipe multidisciplinar.