Sintomas depressivos e déficit cognitivo na população de 60 anos e mais em um município de médio porte do interior paulista*
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc6(19)90Palavras-chave:
Saúde do Idoso, Depressão, Transtornos Mentais, Manifestações Neurocomportamentais, Avaliação GeriátricaResumo
Introdução: a população mundial está envelhecendo e o Brasil segue essa tendência, o que demanda uma reorganização da sociedade para o cuidado desses idosos. Observa-se, nesta tendência, um aumento do número de casos de depressão e demência, além da vinculação destas com outras doenças crônico-degenerativas. Objetivo: estimar a prevalência dos sintomas depressivos e déficits cognitivos em uma população de 60 anos e mais, moradora de um município de médio porte do interior do estado de São Paulo, e sua associação com outras doenças crônico-degenerativas mais prevalentes. Métodos: estudo transversal, com 364 idosos, utilizando: instrumentos sociodemográficos e de morbidade; o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), a Escala de Yesavage, a Escala de Atividades de Vida Diária e a Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD). Foram realizadas: análises estatísticas de frequências dos escores dos instrumentos; apresentação da sumarização das variáveis e as possíveis associações entre depressão/demência, aplicando-se o teste do X2 seguido do ajuste de um modelo de regressão logística para dados ordinais. Resultados: a suspeita de depressão foi encontrada em 44% (160) e o déficit cognitivo foi identificado em 38,7% (141) dos idosos. Aproximadamente 75% dos idosos, com suspeita de depressão ou déficit cognitivo, eram portadores de pelo menos mais uma patologia crônica. Foi possível estabelecer associações estatisticamente significativas entre: suspeita de depressão e AIVD (p<0,0001; OR=7,59; IC=3,361-7,139) e déficit cognitivo e AIVD (p=0,0007; OR=3,967; IC=1,788-8,799). Não foram encontradas associações entre idade, situação conjugal, escolaridade, inserção no mercado de trabalho, aposentadoria ou renda. Conclusão: idosos de ambos os sexos estão vulneráveis a doenças como depressão e demência. Por outro lado, sintomas depressivos e déficit cognitivo foram associados ao escore dos idosos comprometidos, segundo as AIVD.
*Parte da Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Medicina de Botucatu para a obtenção do Título de Mestre em Saúde Pública.
Downloads
Métricas
Referências
Carvalho J, Garcia RA. O envelhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico. Cad Saúde Pública. 2003; 19(3): 725-33. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000300005
Negri LAS, Ruy GF, Collodeti JB, Pinto LF, Soranz DR. Aplicação de um instrumento para detecção precoce e previsibilidade de agravos na população idosa. Ciênc Saúde Coletiva. 2004; 9(4): 1033-46. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232004000400024
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Dados amostragem por domicilio 2008. Contagem da população 2007. Censo 2000, censo 1982 [Internet]. [acesso em 10 maio 2008]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br.
Foss MP, Valle FAC, Speciali JG. Influência da escolaridade na avaliação neuropsicológica de idosos: aplicação e análise dos resultados da Escala de Mattis para Avaliação de Demência. Arq Neuropsiquiatr. 2005; 63(1): 119-26. DOI: https://doi.org/10.1590/S0004-282X2005000100022
Smeltzer SC, Bare BG, Brunner & Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005.
Siberman C, Souza C, Fabio W, Kipper L, Wu V, Diogo C, et al. Cognitive deficit and depressive symptoms in a community group of elderly people: a preliminary study. Rev Saúde Pública. 1995; 29(6): 444-50. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89101995000600005
Carvalho Filho ET, Papaléo Neto M. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutico. 2. ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2006.
Katon WJ. Clinical and health services relationships between major depression, depressive symptoms, and general medical illness. Biol Psychiatry. 2003; 54: 216-26. DOI: https://doi.org/10.1016/S0006-3223(03)00273-7
Ferrari JF, Dalacorte RR. Use of Yesavage Geriatric Depression Scale to evaluate the prevalence of depression in inpatient elderly subjects. Sci Med. 2007; 17(1): 3-8.
American Psychiatric Association. DSM-IV-TR – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. Claudia Dornelles. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2002.
Scazufca M, Cerqueira ATAR, Menezes PR, Prince M, Vallada HP, Miyazaki, MCOS, et al. Investigações epidemiológicas sobre demências nos países em desenvolvimento. Rev Saúde Pública. 2002; 36(6): 773-8. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000700018
Machado JC, Ribeiro RCL, Leal PFG, Cotta RMM. Avaliação do declínio cognitivo e sua relação com as características socioeconômicas dos idosos em Viçosa-Mg. Rev Bras Epidemiol. 2007; 10(4): 592-605. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-790X2007000400017
Herrera JRE, Caramelli P, Nitrini R. Estudo epidemiológico-populacional de demência na cidade de Catanduva, Estado de São Paulo, Brasil. Rev Psiquiatr. 1998; 25: 70-3.
Almeida OP, Almeida AS. Confiabilidade da versão Brasileira da escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arq Neuropsiquiatr. 1999; 57(2B): 421-6. DOI: https://doi.org/10.1590/S0004-282X1999000300013
Carvalho AM, Coutinho ESF. Demência como fator de risco para fraturas graves em idosos. Rev Saúde Pública. 2002; 36(4): 448-54. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000400010
Teng CT, Humes EC, Demetrio FN. Depression and medical comorbidity. Rev Psiquiatr Clin. 2005; 32(3): 149-59. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-60832005000300007
Scalco AZ, Scalco MZ, Azul JBS, et al. Hipertensão arterial sistêmica e depressão. Clinics. 2005; 60(3): 241-50. DOI: https://doi.org/10.1590/S1807-59322005000300010
Musselmann DL, Betan E, Larsen H, Phillips LS. Relationship of Depression to Diabetes Types 1 and 2: Epidemiology, Biology and Treatment. Biol Psychiatry. 2003; 54: 317-29. DOI: https://doi.org/10.1016/S0006-3223(03)00569-9
Bush DE, Ziegeltein RC, Tayback M, et al. Even Minimal Symptoms Depression Increase Mortality Risk after Acute Myocardial Infaction. Am J Cardiol. 2001; 88: 337-41. DOI: https://doi.org/10.1016/S0002-9149(01)01675-7
Almeida-Pitito B, Almada Filho CM, Cendoroglo MS. Déficit cognitivo: mais uma complicação do diabetes melito. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008; 52(7): 1073-83. DOI: https://doi.org/10.1590/S0004-27302008000700003
Okereke OI, Kang JH, Cook NR, Gaziano JM, Manson JE, Buring JE, et al. Type 2 Diabetes Mellitus and Cognitive Decline in Two Large Cohorts of Community-Dwelling Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2008; 56: 1028-36. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2008.01686.x
Saxby BK, Harrington F, McKeith IG, Wesnes K, Ford GA. Effects of hypertension on attention memory, and executive function in older adults. Health Psychol. 2003; 22(6): 587-91. DOI: https://doi.org/10.1037/0278-6133.22.6.587
Melo ROV, Martin JFV. Influência dos níveis pressóricos no desenvolvimento do déficit cognitivo. Rev Bras Hipertens. 2008; 15(1): 37-8.
Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of illness in the aged. The Index of ADL: a standardized measure of biological and psychosocial function. J Am Med Assoc. 1963; 165: 94-9.
Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist. 1969; 9: 179-86. DOI: https://doi.org/10.1093/geront/9.3_Part_1.179
Yesavage JA, Brink TL, Rose TL, Lum O, Huang V, Adey M, et al. Development and validation of a geriatric depression screening scale: a preliminary report. J Psychiatr Res. 1982-1983; 17(1): 37-49. DOI: https://doi.org/10.1016/0022-3956(82)90033-4
Folstein MF, Folstein SE, Mchugh PR. Mini-Mental State: a practical method for grading the cognitive state of patients for clinician. J Psichiatry Res. 1975; 12:189-98. DOI: https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6
Oliveira DAAP, Gomes L, Oliveira RF. Prevalência de depressão em idosos que freqüentam centros de convivência. Rev Saúde Pública. 2006; 40(4): 734-6. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000500026
Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Rastreamento cognitivo e sintomas depressivos em idosos. J Bras Psiquiatr. 2007; 56(4): 273-9. DOI: https://doi.org/10.1590/S0047-20852007000400006
Paradela EMP, Lourenço RA, Veras RP. Validação da escala de depressão geriátrica em um ambulatório geral. Rev Saúde Pública. 2005; 39(6): 918-23. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000600008
Engelhardt E, Laks J, Rozenthal M, Marinho VM. Idosos institucionalizados: rastreamento cognitivo. Rev Psiquiatr Clin. 1998; 25(2): 74-9.
Lourenco RA, Veras RP. Mini-exame do estado mental: características psicometricas em idosos ambulatoriais. Rev Saúde Pública. 2006; 40(4): 712-9. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000500023
Almeida Filho N, Lessa I, Magalhães L, Araujo MJ, Aquino E, James AS, et al. Social inequality and depressive disorders in Bahia, Brazil: interactions of gender, ethnicity and social class. Soc Sci Med. 2004; 59: 1339-53. DOI: https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.11.037
Pereira RJ, Cotta RMM, Franceschini SCC, Ribeiro RCL, Sampaio RF, Cecon PR. Contribuição dos domínios físico, social, psicológico e ambiental para a qualidade de vida global de idosos. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2006; 28(1): 27-38. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-81082006000100005
Colombini Neto M. Validade e coerência de instrumentos utilizados em avaliações clínicas de idosos. [dissertação]. Botucatu: Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista; 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.