O discurso sobre os riscos relacionados às plantas medicinais na medicina popular
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc7(1)607Palabras clave:
Etnofarmacologia, Plantas Medicinais, Medicina Popular, FarmacovigilânciaResumen
Introdução: Na medicina popular as plantas medicinais são utilizadas dentro de um contexto cultural e histórico, portanto, possuem suas representações simbólicas e um sistema teórico de explicação do processo de saúde/doença e na caracterização das enfermidades e dos doentes (araujo, 2002). Objetivos:Investigar o relato de queixas (reações adversas) ou satisfação no consumo de plantas medicinais (PMs), relatadas por consumidores em um ponto de comércio de PMs no município de diadema, sp. método: por meio de métodos e técnicas da etnografia (observação participante e entrevistas semi-estruturadas), aplicou-se uma ficha de dados para o registro das queixas ou satisfação no consumo de PMs em um tradicional ponto de comércio popular “casa de ervas” de diadema (Soares Neto, 2009). Os consumidores foram abordados aleatoriamente durante a compra das PMs. Resultados: Foram realizadas 100 entrevistas, das quais apenas cinco relataram queixas relacionadas ao consumo de PMs. A grande maioria dos relatos foi de satisfação com o uso de “plantas medicinais”. Alguns dos entrevistados diziam que tinham feito pouco uso das PM, mas com as informações dos benefícios vistos na televisão ou indicação de amigos e familiares sentiram-se motivados em consumi-las. Algumas das justificativas favoráveis mais marcantes foram: i) “sempre usei plantas medicinais, e tem que acostumar as crianças desde pequenas. sempre tive resultados satisfatórios, e só vou ao médico quando não tem outro jeito. o remédio de farmácia ajuda por um lado, mas faz mal pelo outro”. ii) “faço pouco uso de plantas medicinais, e sempre fez o efeito esperado; os médicos mandam usar”. iii) “sempre uso plantas medicinais e também medicamentos, mas acho melhor usar planta medicinal; a gente confia que faz o efeito esperado”.iv) “um amigo indicou. nunca faz mal; meu avô fazia”.Conclusão: mesmo sendo uma área urbana, os resultados mostram a importância terapêutica e cultural das PMs e da medicina popular. Nesse contexto, podemos utilizar o conceito de risco das ciências sociais: “o risco não como um ‘fato’ a ser compreendido, quantificado e gerenciado, mas como uma coisa construída socialmente” (de seta et al., 2006), portanto um campo para ações educacionais. Desta forma, é preciso desenvolver programas diferenciados junto à população e profissionais da saúde na construção de um diálogo entre os saberes sobre saúde, doença,PMs, medicamentos e da importância de comunicar casos de suspeitas de reações adversas por PMs.
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