Programa de intervenção comunitária: “A outra face do cuidar”
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1816Palavras-chave:
Estresse Psicológico, Cuidadores, Disfunção Cognitiva, Deficiência Intelectual, Pessoas com DeficiênciaResumo
Introdução: O cuidador informal (CI) presta cuidados a pessoas dependentes, não sendo recompensado economicamente. São inúmeros os fatores de estresse inerentes à tarefa de cuidar, com consequente desgaste físico e emocional. Estudos indicam que as abordagens que englobam a realização de atividade física apresentam um impacto positivo na diminuição da depressão, estresse, raiva e sobrecarga apresentados pelo CI. Objetivo: Reduzir a sobrecarga do CI, com vista à capacitação da tarefa de cuidar, pela aquisição de ferramentas na gestão da sobrecarga. Métodos: De uma listagem de 90 utentes com a codificação “demência” e 50 com “atraso mental” realizou-se o diagnóstico de situação através da aplicação da escala de Zarit que avalia a sobrecarga dos CI. Destes, 13 mostraram interesse em participar na intervenção, que consistiu em sessões de educação para a saúde, sessões de yoga e dinamização de um grupo de apoio. Foi avaliado o grau de sobrecarga dos participantes e a sua satisfação. Resultados: Os CI eram maioritariamente mulheres (92%), com idade média de 62 anos. Foram realizadas 100% das sessões previstas, com 23% de desistência dos participantes. A sobrecarga moderada a severa ou severa diminuiu de 92.3% para 60% no final da intervenção. Todos os CI classificaram o projeto como “bom” ou “muito bom”. Discussão: O projeto cumpriu a planificação inicial, tendo-se verificado uma diminuição do grau de sobrecarga do CI como evidenciado em outros estudos. Destaca-se como limitação a dificuldade do CI na realização de outras atividades além de cuidar do seu dependente. Conclusão: A intervenção teve um impacto positivo nos CI, tendo cumprido os objetivos inicialmente propostos. A equipa de saúde deu continuidade a este projeto através de uma parceria com uma cooperativa de solidariedade social local.
Downloads
Métricas
Referências
Ministério da Saúde (PT), Direção-Geral da Saúde. Saúde Mental em Números - 2015. Programa Nacional para a Saúde Mental Lisboa: Ministério da Saúde; 2016.
Palha M. Perturbação do Desenvolvimento Intelectual. In: Descubra as Diferenças. 2015 [acesso 2017 Maio]. Disponível em: https://diferencas.net/wp-dif/docs/revista/2015_10_Revista_DescubraAsDiferencas_N0.pdf
Lage I. Cuidados Familiares a Idosos. In: Paúl C, Fonseca A, coords. Envelhecer em Portugal. 1a ed. Lisboa: Climepsi Editores; 2006. p. 203-29.
Martín I. O Cuidador Informal no Âmbito Social. In: Paúl C, Fonseca A, coords. Envelhecer em Portugal. 1a ed. Lisboa: Climepsi Editores; 2006. p. 179-201.
Martins T, Ribeiro JP, Garret C. Estudo de validação do questionário de avaliação da sobrecarga para cuidadores informais. Psicol Saúde Doen. 2003;4(1):131-48.
Almazán IR, Devi J. Modelos de estrés y afrontamiento en el cuidador del enfermo con demencia. Rev Multidisc Gerontol. 2002;12(1):31-7.
Araújo O, Lage I, Cabrita J, Teixeira L. Eficácia do programa InCARE na sobrecarga dos cuidadores informais de pessoas idosas após um AVC. Rev Port Enferm Saúde Mental. 2016;(no.espe 3):9-13. DOI: https://doi.org/10.19131/rpesm.0110
Cardoso MJSPO. Promover o bem-estar do familiar cuidador. Programa de Intervenção Estruturado [Tese de doutorado]. Portugal: Universidade Católica Portuguesa; 2011 [acesso 2018 Dez 18] Disponível em: https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/9756/1/Promover%20bem-estar%20FC_Program%20de%20interven%C3%A7%C3%A3o%20estruturado.pdf
Otis-Green S, Juarez G. Enhancing the social well-being of family caregivers. Semin Oncol Nurs. 2012;28(4):246-55. https://doi.org/10.1016/j.soncn.2012.09.007 DOI: https://doi.org/10.1016/j.soncn.2012.09.007
Quaresma ML. Direção Geral da Ação Social. Núcleo de Documentação Técnica e Divulgação. Cuidados Familiares às Pessoas Muito Idosas. Lisboa: Segurança Social; 1996.
Cerqueira MM. O cuidador e o doente paliativo. 12a ed. Coimbra: Formasau – Formação e Saúde; 2005.
Santos P. O familiar cuidador em ambiente domiciliário: sobrecarga física, emocional e social [Dissertação de mestrado]. Lisboa: Escola Nacional de Saúde Pública/Universidade Nova de Lisboa; 2005.
Pera LF. Avaliação das dificuldades e sobrecarga do cuidador informal de idosos dependentes [Relatório para obtenção de Mestrado]. Bragança: Escola Superior de Saúde de Bragança; 2012 [acesso 2017 Maio 04]. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/8064/1/Relatorio%20de%20est%C3%A1gio%20-%20L%C3%ADdia%20Pera.pdf
Comissão de Classificações da WONCA. Classificação Internacional de Cuidados Primários. 2a ed. Lisboa: Oxford University Press; 1999.
Loi SM, Dow B, Ames D, Moore K, Hill K, Russell M, et al. Physical activity in caregivers: What are the psychological benefits? Arch Gerontol Geriatr. 2014;59(2):204-10. https://doi.org/10.1016/j.archger.2014.04.001 DOI: https://doi.org/10.1016/j.archger.2014.04.001
Parks SM, Novielli KD. A practical guide to caring for caregivers. Am Fam Physician. 2000;62(12):2613-22.
Basch CH. Role of Community Intervention in Health Promotion and Disease Prevention. J Mass Communicat Journalism. 2013;3:e144. https://doi.org/10.4172/2165-7912.1000e144 DOI: https://doi.org/10.4172/2165-7912.1000e144
Schneider DR, von Flach PM. Como construir um projeto de intervenção? Portal de formação à distância. [acesso 2018 Jan 10]. Disponível em: http://www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201704/20170427-095100-001.pdf
Assembleia Geral da Associação Médica Mundial. Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial. Fortaleza: Associação Médica Mundial; 2013.
Ferreira F, Pinto A, Laranjeira A, Pinto AC, Lopes A, Viana A, et al. Validação da escala de Zarit: sobrecarga do cuidador em cuidados paliativos domiciliários, para população portuguesa. Cad Saúde. 2010;3(2):13-9.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.