Paracentese de alívio no domicílio

uma prática assistencial possível

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2278

Palavras-chave:

Paracentese, Serviços de Assistência Domiciliar, Visita Domiciliar.

Resumo

Introdução: A ascite é definida como um acúmulo de líquido na cavidade peritoneal e, em 75% dos casos, é causada por cirrose e hipertensão da veia porta de várias etiologias. Seu tratamento inclui restrição de fluidos, diurese e paracentese de grande volume. A paracentese de alívio é o procedimento de remoção de fluido ascítico da cavidade peritoneal com a finalidade de reduzir a pressão intra-abdominal e aliviar sintomas associados como dispneia, dor e desconforto abdominal. É uma técnica simples e segura que pode ser realizada em ambiente hospitalar e ambulatorial. A expansão dos Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) no país oportunizou a realização de procedimentos de maior complexidade no domicílio podendo contribuir com o bem-estar de pacientes em cuidado paliativo domiciliar. Objetivo: Descrever o perfil de pacientes submetidos à paracentese de alívio em um SAD. Métodos: Estudo transversal, incluindo pacientes consecutivos que realizaram paracentese de alívio no domicílio entre os anos 2009 e 2017. Os dados foram coletados em prontuário. Para a análise descritiva dos dados estatísticos utilizou-se o Software Statistical Package for the Social Sciences v. 18.0 (SPSS). Resultados: A amostra foi composta por 15 pacientes, apresentando uma média do Índice de Comorbidade de Charlson de 8,1 (3-15). As neoplasias foram as principais causas de ascite nos pacientes acompanhados (80,2%). No período do estudo foram realizadas 48 paracenteses de alívio. Seis pacientes apresentaram sintomatologia clínica com necessidade de visita domiciliar (VD) não programada. Em relação às complicações do procedimento de paracentese, um paciente apresentou sangramento no local da punção. Todas as situações acima foram manejadas no domicílio. Em relação aos desfechos do atendimento no SAD, 53% dos pacientes necessitaram de reinternação hospitalar por piora clínica. Conclusões: A paracentese de alívio no domicílio mostra-se como uma prática segura, reduzindo idas desnecessárias a serviços de urgência/emergência e com bons índices de satisfação relatados pelos pacientes, desde que os profissionais sejam devidamente capacitados para realização do procedimento, com rotina e técnica instituída pelo SAD.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Diani de Oliveira Machado, Ministério da Saúde, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Graduação em  Enfermagem pela Universidade Franciscana (2005). Mestrado  em Enfermagem pela UFRGS (2016). Possui 14 anos de atuação em enfermagem, exerceu assistência nos serviços de Urgência e Emergência, Atenção Domiciliar e Estomaterapia. Atualmente é  Consultora técnica do Ministério da Saúde.

 

Verlaine Balzan lagni, Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre, RS, Brasil.

Graduada em fisioterapia pela faculdade de Ciências da Saúde IPA -Porto Alegre/RS (1999), Especialista em Cinesiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002), e Mestre em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2016). Atuação em atividades de assistência, docência e pesquisa. É Fisioterapeuta do Programa de Atenção Domiciliar do Grupo Hospitalar Conceição desde 2011.

Mauro Binz Kalil, Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Porto Alegre, RS.

Graduação em Medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (2004). Especialização em Medicina de Família e Comunidade. Mantendo atuação em nível assistencial desde graduação, tendo experiências em internação hospitalar, emergência  e atenção primária. Área de atuação focal em internação domiciliar há 10 anos.Atualmente coordenando a implantação de Programa de Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde na cidade de Porto Alegre e Programa de Oxigenoterapia Domiciliar. Experiência em ensino acadêmico e de profissionais em especialização.  

Raquel Jeanty de Seixas Mestriner, Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre, RS, Brasil.

Graduação em fisioterapia (PUCRS), especialização em reabilitação cardiopulmonar (Residência multiprofissional em saúde - PREMUS PUCRS), em oncologia (FACIS- SP) e em Saúde da Família (IEP-HMV). Mestrado em ciências médicas. Atualmente atua no Programa de Atenção Domiciliar do GHC.

Rosane Pignones Coelho, Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre, RS, Brasil.

Graduação em enfermagem pela UFRGS, habilitação em Saúde Pública, atuação como enfermeira pediátrica e na Atenção Domiciliar há 11 anos, integrante da Comissão de Pele do Grupo Hospitalar Conceição desde 2004.

 

Sati Jaber Mahmud, Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre, RS, Brasil.

Graduação em Medicina -FAMED-UFRGS (2000). Médico de Familia e Comunidade (2002). Mestrado em Avaliação de Tecnologias em Saúde (2017). Possui 11 anos de atuação em Atenção Primária a Saúde exercendo assistência, ensino e gestão e 12 anos de atuação em Serviço de Atenção Domiciliar praticando assistência, ensino, pesquisa e gestão.

 

Referências

(1) Pericleous M, Sarnowski A, Moore A, Fijten R, Zaman M. The clinical management of abdominal ascites, spontaneous bacterial peritonitis and hepatorenal syndrome: a review of current guidelines and recommendations. Eur J Gastroenterol Hepatol. 2016 Mar;28(3):e10-8. DOI: https://doi.org/10.1097/MEG.0000000000000548

(2) Runyon BA. Diagnostic and therapeutic abdominal paracentesis. UpToDate [Internet]. 2019 Nov; [acesso em 2019 dezembro 10 ]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/diagnostic-and-therapeutic-abdominal-paracentesis#H337673819

(3) Shlamovitz GZ, Shah NR. Paracentesis technique. Medscape [Internet]. 2012 Apr; [acesso em 2019 dezembro 10]. Disponível em: https://emedicine.medscape.com/article/80944-technique

(4) Solla NS, Manzanares PMS, Pollo DR. Técnicas importantes en el domicilio: el maletín domiciliario, la vía subcutánea y la paracentesis evacuadora. AMF. 2014 Mai;10(5):294-300.

(5) Débdi MB, Chaves VM, Rodríguez CC, Muñoz JM. Paracentesis evacuadora domiciliaria en cuidados paliativos realizada por profesionales de atención primaria. Presentación de un caso. Semergen. 2013;39(3):161-4.

(6) Pilatti P, Lagni VB, Picasso MC, Puma K, Mestriner RJ, Oliveira DM, et al. Cuidados paliativos oncológicos em um serviço público de atenção domiciliar. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2017;12(39):1-10. DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc12(39)1339

(7) Zama IM, Edgar M. Management of symptomatic ascites in hospice patients with paracentesis: a case series report. Am J Hosp Palliat Care. 2012 Ago;29(5):405-8. DOI: https://doi.org/10.1177/1049909111420130

(8) Runyon BA. Ascites in adults with cirrhosis: diuretic-resistant ascites. UpToDate [Internet]. 2019 Fev; [acesso em 2019 dezembro 10]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/ascites-in-adults-with-cirrhosis-diuretic-resistant-ascites

(9) Bernardi M, Caraceni P, Navickis RJ, Wilkes MM, et al. Albumin infusion in patients undergoing large volume paracentesis: a metaanalysis of randomized trials. Hepatology. 2012 Abr;55(4):1172-81. DOI: https://doi.org/10.1002/hep.24786

(10) Sharzehi K, Jain V, Naveed A, Schreibman I. Hemorrhagic complications of paracentesis: a systematic review of the literature. Gastroenterol Res Pract. 2014;2014:985141. DOI: https://doi.org/10.1155/2014/985141

(11) Gottardi A, Thévenot T, Spahr L, Morard I, Bresson-Hadni S, Torres F, et al. Risk of complications after abdominal paracentesis in cirrhotic patients: a prospective study. Clin Gastroenterol Hepatol. 2009 Ago;7(8):906-9. DOI: https://doi.org/10.1016/j.cgh.2009.05.004

Downloads

Publicado

2020-09-18

Como Citar

1.
Machado D de O, lagni VB, Kalil MB, Mestriner RJ de S, Coelho RP, Mahmud SJ. Paracentese de alívio no domicílio: uma prática assistencial possível. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 18º de setembro de 2020 [citado 29º de março de 2024];15(42):2278. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2278

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit