Papel do planejamento familiar na atenção primária à saúde
métodos mistos de análise de dados
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3429Palavras-chave:
Planejamento Familiar, Relações Familiares, Análise de dados, Atenção primária à saúde.Resumo
Introdução: A assistência ao planejamento familiar no âmbito da atenção primária compreende um importante conjunto de ações capazes de garantir o direito à saúde reprodutiva aos usuários do Sistema Único de Saúde brasileiro. Entretanto vários obstáculos impedem sua implementação plena, fazendo com que muitos usuários não tenham acesso a esse serviço. Objetivo: Analisar o papel do planejamento familiar na construção da parentalidade sob a ótica de usuários de serviços de atenção primária à saúde em Fortaleza (CE). Métodos: Estudo transversal de métodos mistos, com triangulação concomitante de dados, de acordo com Creswell e Clack. Para a fase quantitativa, selecionaram-se 60 pessoas em exercício da parentalidade para responder a um questionário estruturado, das quais 12 participaram da fase qualitativa através de entrevistas semiestruturadas. Resultados: Em relação às respostas ao questionário, a maioria dos participantes teve o primeiro filho entre 17 e 20 anos, atualmente possui dois filhos e permanece com a mesma parceria da época do primogênito. As entrevistas evidenciaram o desconhecimento sobre o planejamento familiar, atribuído a escassez da assistência, falta de acolhimento pelos profissionais de saúde, ineficiência de políticas e desinteresse da população. A triangulação de métodos evidenciou complementação e corroboração entre os dados quantitativos e qualitativos. A integração de dados permitiu observar um apelo à corresponsabilidade da população em relação ao planejamento familiar, além da necessidade de mais treinamento e sensibilização dos profissionais de saúde quanto ao tema. Conclusões: É necessário avançar na abordagem do planejamento familiar no contexto da atenção primária à saúde para que este possa se tornar de fato um espaço de cuidado, troca e desenvolvimento da parentalidade efetiva e afetiva.
Downloads
Métricas
Referências
Rodriguez BC, Gomes IC, Oliveira DP. Família e nomeação na contemporaneidade: uma reflexão psicanalítica. Estud Interdiscip Psicol 2017;8(1):135-50. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2017v8n1p135 DOI: https://doi.org/10.5433/2236-6407.2017v8n1p135
Bernardi D, Féres-Carneiro T, Magalhães AS. Entre o desejo e a decisão: a escolha por ter filhos na atualidade. Contextos Clín 2018;11(2):161-73. https://doi.org/10.4013/ctc.2018.112.02 DOI: https://doi.org/10.4013/ctc.2018.112.02
World Health Organization. Accelerating progress toward the reduction of adolescent pregnancy in Latin America and the Caribbean. Washington: World Health Organization; 2016.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Adolescência. Prevenção da gravidez na adolescência. Guia prático de atualização no 11 [Internet]. 2019 [acessado em 31 mai. 2021]. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Adolescencia_-_21621c-GPA_-_Prevencao_Gravidez_Adolescencia.pdf
Nascimento MS, Lippi UG, Santos AS. Vulnerabilidade social e individual e a graidez na adolescência. Rev Enferm Atenção Saúde 2018;7(1):15-29. https://doi.org/10.18554/reas.v7i1.1890. DOI: https://doi.org/10.18554/reas.v7i1.1890
Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei no 9.263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Diário Oficial da União [Internet]. 12 de janeiro de 1996 [acessado em 31 mai. 2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm
Medeiros GMS, Negreiros LT, Maia JS. A atuação do enfermeiro no planejamento familiar. Revista Recien 2014;4(10):18-23. https://doi.org/10.24276/rrecien2358-3088.2014.4.10.18-23 DOI: https://doi.org/10.24276/rrecien2358-3088.2014.4.10.18-23
Sousa FLL, Alves RSS, Ribeiro Y, Torres JC, Diaz AO, Rocha FS, et al. Assistência de enfermagem frente ao planejamento familiar na Atenção Primária à Saúde. Res Soc Dev 2021;10(1):e45710110506. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.10506 DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.10506
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Assistência em planejamento familiar: manual técnico. 4a ed. [Internet]. 2022 [acessado em 31 mai. 2021]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0102assistencia1.pdf
Santos RB, Barreto RM, Bezerra ACL, Vasconcelos MIO. Processo de readequação de um planejamento familiar: construção de autonomia feminina em uma Unidade Básica de Saúde no Ceará. RECIIS – Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde 2016;10(3). https://doi.org/10.29397/reciis.v10i3.1074 DOI: https://doi.org/10.29397/reciis.v10i3.1074
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva [Internet]. 2013 [acessado em 31 mai. 2021]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_saude_reprodutiva.pdf
World Health Organization. Department of Sexual and Reproductive Health and Research [Internet]. Geneva: WHO; 2022 [acessado em 31 mai. 2021]. Disponível em: https://fphandbook.org/sites/default/files/WHO-JHU-FPHandbook-2022Ed-v221114b.pdf
Starbird E, Norton M, Marcus R. Investing in family planning: key to achieving the sustainable development goals. Glob Health Sci Pract 2016;4(2):191-210. https://doi.org/10.9745/GHSP-D-15-00374 DOI: https://doi.org/10.9745/GHSP-D-15-00374
Fortaleza. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Secretaria Municipal de Saúde. Plano municipal de saúde Fortaleza 2018–2021 [Internet]. Fortaleza: Secretaria Municipal da Saúde; 2017 [acessado em 15 dez. 2022]. Disponível em: https://saude.fortaleza.ce.gov.br/images/planodesaude/20182021/_Plano-Municipal-de-Saude-de-Fortaleza-2018-2021_.pdf
Silva RM, Araújo KNC, Bastos LAC, Moura ERF. Planejamento familiar: significado para mulheres em idade reprodutiva. Ciênc Saúde Coletiva 2011;16(5):2415-24. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000500010 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000500010
Queiroz MVO, Vasconcelos MM, Alcântara CM, Fé MCM, Silva ANS. Características sociodemográficas e gineco-obstétricas de adolescentes assistidas em serviço de planejamento familiar. Rev Enferm UFSM 2017;7(4):615-28. https://doi.org/10.5902/2179769226988 DOI: https://doi.org/10.5902/2179769226988
Moura ERF, Silva RM, Gomes AMA, Almeida PC, Evangelista DR. Perfil demográfico, socioeconômico e de saúde reprodutiva de mulheres atendidas em planejamento familiar no interior do Ceará. Rev Baiana Saúde Pública 2011;34(1):119-33. https://doi.org/10.22278/2318-2660.2010.v34.n1.a22 DOI: https://doi.org/10.22278/2318-2660.2010.v34.n1.a22
Queiroz INB, Santos MCFC, Machado MFAS, Lopes MSV, Costa CCC. Family planning in adolescence in the perception of nurses of the Family Health Strategy. Rev Rene 2012;11(3).
Bié APA, Diógenes MAR, Moura ERF. Planejamento familiar: o que os adolescentes sabem sobre este assunto? Rev Bras Promoç Saúde 2006;19(3):125-30. https://doi.org/10.5020/18061230.2006.p125 DOI: https://doi.org/10.5020/18061230.2006.p125
Creswell JW, Clark VLP. Designing and conducting mixed methods research. 3rd ed. Los Angeles: SAGE; 2018.
Santos JLG, Erdmann AL, Meirelles BHS, Lanzoni GMM, Cunha VP, Ross R. Integração entre dados quantitativos e qualitativos em uma pesquisa de métodos mistos. Texto Contexto Enferm 2017;26(3):e1590016. https://doi.org/10.1590/0104-07072017001590016 DOI: https://doi.org/10.1590/0104-07072017001590016
von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP, et al. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. Ann Intern Med 2007;147(8):573-7. https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-8-200710160-00010 DOI: https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-8-200710160-00010
Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care 2007;19(6):349-57. https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042 DOI: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042
Borges Costa, L. Questionário artigo submetido para RBMFC com título “Papel do planejamento familiar na atenção primária à saúde: métodos mistos de análise de dados”. https://doi.org/10.5281/zenodo.7442157
R Core Team. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. R: A language and environment for statistical computing. Version 4.1.0 [software] [Internet]. 2020 [acessado em 15 dez. 2022]. Disponível em: https://www.R-project.org/
Souza LK. Pesquisa com análise qualitativa de dados: conhecendo a Análise Temática. Arq Bras Psicol. 2019;71(2):51-67. http://dx.doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2019v71i2p.51-67
Nascimento EF, Gomes R. Marcas identitárias masculinas e a saúde de homens jovens. Cad Saúde Pública 2008;24(7):1556-64. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008000700010 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008000700010
Trindade RE, Siqueira BB, Paula TF, Felisbino-Mendes MS. Uso de contracepção e desigualdades do planejamento reprodutivo das mulheres brasileiras. Ciênc Saúde Coletiva 2021;26(suppl 2):3493-504. https://doi.org/10.1590/1413-81232021269.2.24332019 DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021269.2.24332019
Kimport K. Talking about male body-based contraceptives: the counseling visit and the feminization of contraception. Soc Sci Med 2018;201:44-50. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2018.01.040 DOI: https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2018.01.040
Morais ACB, Ferreira AG, Almeida KL, Quirino GS. Participação masculina no planejamento familiar e seus fatores intervenientes. Rev Enferm 2014;4(3):498-508. https://doi.org/10.5902/217976929998 DOI: https://doi.org/10.5902/217976929998
Padilha T, Sanches MA. Participação masculina no planejamento familiar: revisão integrativa da literatura. Interface (Botucatu) 2020;24:e200047. https://doi.org/10.1590/interface.200047 DOI: https://doi.org/10.1590/interface.200047
Monteiro AKD, Pereira BG. Causas e consequências da gravidez na adolescência: uma abordagem interdisciplinar entre ciências humanas e da saúde. Revista de Saúde Dom Alberto 2018;3(1).
Leftwich HK, Alves MVO. Adolescent pregnancy. Pediatr Clin North Am 2017;64(2):381-8. https://doi.org/10.1016/j.pcl.2016.11.007 DOI: https://doi.org/10.1016/j.pcl.2016.11.007
Rexhepi M, Besimi F, Rufati N, Alili A, Bajrami S, Ismaili H. Hospital-based study of maternal, perinatal and neonatal outcomes in adolescent pregnancy compared to adult women pregnancy. Open Access Maced J Med Sci 2019;7(5):760-6. https://doi.org/10.3889/oamjms.2019.210 DOI: https://doi.org/10.3889/oamjms.2019.210
Wang E, Glazer KB, Howell EA, Janevic TM. Social determinants of pregnancy-related mortality and morbidity in the united states: a systematic review. Obstet Anesthes Dig 2021;41(1):12.https://doi.org/10.1097/01.aoa.0000732376.62065.f9 DOI: https://doi.org/10.1097/01.aoa.0000732376.62065.f9
Molina Gómez AM, Pena Olivera RA, Díaz Amores CE, Antón Soto M. Condicionantes y consecuencias sociales del embarazo en la adolescencia. Rev Cuba Obstet Ginecol 2019;45(2):e218.
Araújo AKL, Nery IS. Knowledge about contraception and factors associated with pregnancy planning in adolescence. Cogitare Eferm 2018;23(2):e55841. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i2.55841 DOI: https://doi.org/10.5380/ce.v23i2.55841
Zanini M, Selvante JDS; Quagliato FF. Uso de contraceptivos e fatores associados entre adolescentes de 15 a 18 anos de idade em Unidade de Saúde da Família. Rev Med (São Paulo) 2017;96(1):32-4. https://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v96i1p32-34 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v96i1p32-34
Jorge SA, Alves BVC, Alves JCS, Dias EG. Conhecimento e comportamento dos adolescentes de uma escola pública sobre sexualidade e métodos contraceptivos. Rev Baiana Saúde Pública 2017;41(1):120-30. https://doi.org/10.22278/2318-2660.2017.v41.n1.a2408 DOI: https://doi.org/10.22278/2318-2660.2017.v41.n1.a2408
Rodrigues CDS, Lopes AOS. A gravidez não planejada de mulheres atendidas no pré-natal das Unidades Básicas de Saúde. Id Line Rev Psic 2016;10(32):70-87. https://doi.org/10.14295/idonline.v10i32.579 DOI: https://doi.org/10.14295/idonline.v10i32.579
Brandão ER, Cabral CS. Juventude, gênero e justiça reprodutiva: iniquidades em saúde no planejamento reprodutivo no Sistema Único de Saúde. Ciênc Saúde Colet 2021;26(7):2673-82. https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08322021 DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08322021
Mozzaquatro CO, Arpini DM. Planejamento familiar e papéis parentais: o tradicional, a mudança e os novos desafios. Psicol Cienc Prof 2017;37(4):923-38. https://doi.org/10.1590/1982-3703001242016 DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703001242016
Cabral CS. “Gravidez na adolescência” e identidade masculina: repercussões sobre a trajetória escolar e profissional do jovem. Rev Bras Estud Popul 2002;19(2):179-95.
Medeiros RCT. Planejamento familiar: política, acesso e necessidades [dissertação]. Joinville: Universidade da Região de Joinville; 2019.
Ruivo ACO, Facchini LA, Tomasi E, Wachs LS, Fassa AG. Disponibilidade de insumos para o planejamento reprodutivo nos três ciclos do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica: 2012, 2014 e 2018. Cad Saúde Pública 2021;37(6):e00123220. https://doi.org/10.1590/0102-311X00123220 DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00123220
Ganle JK, Baatiema L, Ayamah P, Ofori CAE, Ameyaw EK, Seidu AA, et al. Family planning for urban slums in low- and middle-income countries: a scoping review of interventions/service delivery models and their impact. Int J Equity Health 2021;20(1):186. https://doi.org/10.1186/s12939-021-01518-y DOI: https://doi.org/10.1186/s12939-021-01518-y
Silva KR, Souza AS, Pimenta DJ, Silva R, Lima MDO. Planejamento familiar: importância das práticas educativas em saúde para jovens na atenção básica. Rev Eletrônica Gestão & Saúde 2016;7(1):327-42. https://doi.org/10.18673/gs.v7i1.22083 DOI: https://doi.org/10.18673/gs.v7i1.22083
Diamond-Smith N, Warnock R, Sudhinaraset M. Interventions to improve the person-centered quality of family planning services: a narrative review. Reprod Health 2018;15(1):144. https://doi.org/10.1186/s12978-018-0592-6 DOI: https://doi.org/10.1186/s12978-018-0592-6
Reis VD. Uma abordagem de planejamento familiar na estratégia de saúde em família de Alfenas [trabalho de conclusão de curso]. Campos Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais; 2014.
Alves AP, Arpini DM. O recasamento: o papel da madrasta e sua relação com os enteados. Contextos Clínic 2017;10(2):185-96. https://doi.org/10.4013/ctc.2017.102.04 DOI: https://doi.org/10.4013/ctc.2017.102.04
Galvão LB. Mãe solteira não. Mãe solo! Considerações sobre maternidade, conjugalidade e sobrecarga feminina. Revista Direito e Sexualidade 2020;1(1):1-23. https://doi.org/10.9771/revdirsex.v1i1.36872 DOI: https://doi.org/10.9771/revdirsex.v1i1.36872
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Giovana Barroso de Melo Rios, Lourrany Borges Costa, Marília Teixeira Rodrigues, Iana Castelo Rodrigues, Fernanda de Oliveira Paula, Morgana Pordeus do Nascimento Forte, Carmem Rita Sampaio de Sousa Neri
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.