Prevenção quaternária e a redução do fluxo de encaminhamentos à angiologia e pedidos de ultrassonografia Doppler
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc16(43)2572Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Ultrassonografia Doppler, Internato e Residência, Medicina de Família e Comunidade.Resumo
Introdução: A iatrogenia é uma causa importante de morbimortalidade, logo, a prevenção quaternária (P4), ação que ceifa a cascata diagnóstica supérflua, foi incluída como exercício de boa prática. A medicina de família e comunidade (MFC) introjeta a P4 na vivência, sendo capaz de usar ciência aliada a habilidades de comunicação para conhecer as pessoas, resolvendo assim cerca de 85% das queixas, o que inclui as de origem vascular. Existe uma alta demanda no Sistema Único de Saúde (SUS) tanto na marcação de exames quanto no encaminhamento para especialistas focais no que tange às queixas circulatórias, mas nem sempre encaminhar é oportuno. Nesse cenário, a MFC funciona como um caminho para a P4. Objetivos: O objetivo do presente estudo foi avaliar as referências para cirurgia vascular e angiologia e as solicitações de ultrassonografia (USG) Doppler de vasos de unidades de saúde da família (USFs) de João Pessoa/PB, analisando as taxas de solicitações por população adulta (>18 anos) adscrita, nas unidades conveniadas ao programa de residência em medicina de família e comunidade (PRMFC) há mais de 1 ano, há menos de 1 ano e naquelas sem convênio com PRMFC, sob o olhar crítico da P4. Métodos: Trata-se de um estudo transversal a partir de dados fornecidos pela Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa (SMS/JP), entre janeiro de 2017 e agosto de 2018. Para realização dos cálculos de correlação entre as variáveis estudadas, utilizou-se o teste de Kruskall-Wallis através do software SPSS 21.0. Resultados: O número total de pedidos de exames em análise foi de 3.918, oriundos de 90 USF, que somam uma população adscrita maior de 18 anos de 332.819 pessoas. Solicitou-se 1 Doppler a cada 85 habitantes adultos. Os resultados do estudo sugerem que os médicos residentes solicitam mais exames que os médicos não residentes, mas por outro lado apresentam menor taxa de encaminhamento aos especialistas. Conclusões: Estes achados podem sugerir que os médicos residentes encaminham menos, o que pode estar relacionado ao aumento da resolubilidade da atenção primária à saúde (APS) e ao ensino da P4 sob orientação de um médico de família e comunidade preceptor. Entretanto, novos delineamentos de pesquisa são necessários para melhor elucidar esta hipótese.
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