Concepções sobre clínica na formação médica
análise de um curso derivado do programa Mais Médicos
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3073Palavras-chave:
Educação Médica, Medicina ClínicaResumo
Introdução: Principalmente após a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina, espera-se que seja predominante na formação médica a clínica ampliada, ou seja, aquela que tem como foco central o sujeito e suas particularidades. Objetivo: Buscou-se compreender as concepções sobre clínica presentes no imaginário de estudantes e professores de um curso de graduação em Medicina de uma universidade federal localizada no Sul do país. Métodos: Trata-se de estudo de caráter exploratório e qualitativo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma universidade federal, sob o Parecer nº 2.950.932, de 9 de outubro de 2018. A coleta de dados deu-se com base em entrevistas com docentes médicos (n=21) e grupos focais com acadêmicos (n=43) que, posteriormente, foram tratados pela análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Aspectos inerentes à clínica ampliada foram levantados, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento de uma boa relação médico-paciente, à necessidade de desenvolver habilidades comunicativas e de haver um equilíbrio entre os componentes técnico, ético e humanístico. Contudo, alguns discursos característicos da clínica tradicional foram notados, principalmente relacionados à clínica focada no diagnóstico e tratamento de doenças. Conclusões: Com esses resultados é possível concluir que, apesar de a clínica ampliada estar presente no curso em questão, isso ainda não se efetivou completamente.
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