Fatores associados à infeção pelo vírus da dengue

estudo transversal de dados de vigilância em saúde do município de São Mateus (ES), entre os anos de 2016 e 2020

Autores

  • João Paulo Cola Universidade Federal do Espírito Santo, Laboratório de Epidemiologia – Vitória (ES), Brasil. https://orcid.org/0000-0003-4972-4686
  • Thalia Santo Ferreira Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil.
  • Daniele Ribeiro Loubaque Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-9615-1169
  • Heleticia Scabelo Galavote Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil. https://orcid.org/0000-0003-4490-6763
  • Cathiana do Carmo Dalto Banhos Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7182-8962

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3347

Palavras-chave:

Dengue, Vírus da Dengue, Infecções por Arbovirus, Estudos Transversais, Epidemiologia.

Resumo

Introdução: A dengue é uma doença infecciosa endêmica em regiões tropicais e subtropicais. Para organizar uma rede assistência de saúde e garantir medidas preventivas, manejo clínico adequado, é necessário conhecer os fatores associadas aos casos de dengue. Objetivo: Analisar os fatores associados à infecção pelo vírus da dengue de indivíduos notificados no sistema de vigilância em saúde. Métodos: Estudo transversal de dados secundários de casos de suspeitos de dengue notificados no Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação. Foram incluídos os indivíduos notificados com suspeita de dengue com data de notificação entre dia 1º de janeiro de 2016 e 31 de dezembro de 2020 e que residiam em São Mateus (ES). Foram calculadas as frequências relativas e absolutas das variáveis e foi utilizada a regressão de Poisson de variância robusta para calcular a razão de prevalência (RP) e estimar os intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Foram notificados 4.547 casos suspeitos de dengue, 2.438 (53,8%) casos foram confirmados, 844 (27,7%) confirmados por critério laboratorial, nove apresentaram sinais de alarme, três foram de dengue grave, 35 necessitaram de internação hospitalar e quatro evoluíram a óbito por dengue. A faixa etária ≥60 anos (RP=1,28; IC95% 1,14–1,45), indivíduos com cinco a oito anos de estudo (RP=1,47; IC95% 1,19–1,81), com prova do laço positiva (RP=1,40; IC95% 1,22–1,60) e diabetes mellitus (RP=4,19; IC95% 1,91–9,20) apresentaram maiores prevalências de dengue. Conclusão: A prevalência da dengue foi maior no grupo de indivíduos com idade maior e igual a 60 anos, com cinco a oito anos de estudo, com diabetes mellitus, que apresentaram prova do laço positiva e leucopenia. Esses grupos apresentam chances maiores de desenvolvimento da dengue grave, sendo necessários esforços dos serviços de assistência e vigilância em saúde em seu manejo clínico.

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Biografia do Autor

João Paulo Cola, Universidade Federal do Espírito Santo, Laboratório de Epidemiologia – Vitória (ES), Brasil.

Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo. Graduado em Enfermagem pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atualmente cursa Doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua no Serviço de Vigilância em Saúde do município de São Mateus-ES, professor da faculdade MULTIVIX São Mateus, pesquisador do Laboratório de Epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo.  Já atuou como enfermeiro de estratégia de saúde da família e coordenador de atenção primária em saúde.

Thalia Santo Ferreira , Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil.

Acadêmica do curso de Enfermagem do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo.

Daniele Ribeiro Loubaque, Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil.

Acadêmica do curso de Enfermagem do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo.

Heleticia Scabelo Galavote , Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil.

Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense. Possui Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como Professora Adjunta do curso de Enfermagem do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo. Desenvolve pesquisas e estudos em Saúde Coletiva com ênfase na avaliação dos processos de trabalho em saúde no âmbito da Estratégia Saúde da Família, atuando principalmente nos seguintes temas: Atenção Básica à Saúde, Estratégia Saúde da Família, processo de trabalho em saúde, agente comunitário de saúde, gestão e planejamento em saúde. Integrante do Núcleo de Estudos em Política, Gestão e Avaliação em Saúde (NUPGASC)/PPGASC. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gestão, Avaliação e Planejamento em Saúde (NUGAPS/CEUNES/UFES).

Cathiana do Carmo Dalto Banhos , Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus (ES), Brasil.

Doutorado em Pediatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Cruzeiro do Sul. Possui Graduação em Enfermagem - Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. Professora em Dedicação Exclusiva do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Espirito Santo / Ceunes.

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Publicado

2023-04-30

Como Citar

1.
Cola JP, Ferreira TS, Loubaque DR, Galavote HS, Banhos C do CD. Fatores associados à infeção pelo vírus da dengue: estudo transversal de dados de vigilância em saúde do município de São Mateus (ES), entre os anos de 2016 e 2020 . Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 30º de abril de 2023 [citado 28º de março de 2024];18(45):3347. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3347

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit