Justificativas médicas para as teleconsultorias em cardiologia na atenção primária à saúde em Joinville (SC)
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)3722Palavras-chave:
Telecardiologia, Atenção Primária à Saúde, Encaminhamento e Consulta, Doenças cardiovasculares.Resumo
Introdução: É imprescindível a compreensão adequada dos principais sinais e sintomas, dos exames complementares e da terapêutica mais comumente utilizados na cardiologia pelos médicos que atendem a porta de entrada do sistema de saúde a fim de garantir atendimento resolutivo na maioria dos casos, evitando assim encaminhamentos desnecessários à atenção secundária à saúde e, consequentemente, sobrecarga do sistema de saúde. Na cardiologia, algumas situações demandam diagnóstico e terapêutica rápidos, visando evitar prejuízos que incluem sequelas graves e o óbito do paciente, as quais justificam atendimento em unidades de pronto atendimento ou pronto-socorro. Em outros casos, a avaliação do especialista pode contribuir com o diagnóstico, a indicação dos exames complementares mais adequados, terapêutica diferenciada e, principalmente, com a confirmação das medidas tomadas pelo médico da Atenção Primária à Saúde (APS). Todavia, por diversos motivos, entre os quais a insegurança, ocorre um excesso de encaminhamentos ao especialista. Objetivo: Este trabalho busca identificar as principais lacunas relacionadas à cardiologia na atenção primária à saúde que contribuem ou geram encaminhamentos desnecessários ao cardiologista. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo a partir do banco de dados das 588 teleconsultorias em cardiologia das Unidades Básicas de Saúde da APS de Joinville/SC realizadas no período de janeiro de 2020 até março de 2021. O estudo compreendeu todo o período. Mediante a análise dos casos, foi avaliada a necessidade de atendimento presencial especializado aos pacientes. Resultados: Considerou-se que em 74,15% dos casos seria possível a sua resolutividade na APS. Ademais, foi possível identificar que as principais dúvidas dos médicos da APS estavam relacionadas com alterações de sinais e sintomas, seguidas por questionamentos sobre doenças cardíacas e resultados de exames complementares. Outras consultorias abordavam questões sobre doenças não cardíacas, medicamentos e indagações não enquadradas em nenhuma das categorias anteriores. Conclusões: A teleconsultoria pode evitar uma quantidade significativa de encaminhamentos desnecessários, prevenindo sobrecarga do especialista. Simultaneamente, pode contribuir com orientações aos demais profissionais que possibilitem a solução destes e de futuros casos na APS.
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