As potencialidades do acompanhamento a uma pessoa transgênero por um médico de família e comunidade
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3847Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Pessoas Transgênero, Transfobia, Itinerário terapêutico.Resumo
Introdução: A marginalização de pessoas transgênero e as barreiras de acesso à saúde, oriundas da patologização e do histórico processo de intolerância para com elas, são determinantes para transformar o itinerário terapêutico em um percalço, interferindo fortemente na relação com os profissionais e nos cuidados prestados. Objetivos: Demonstrar como um médico de família e comunidade pode atuar como agente modificador na Atenção Primária à Saúde, tendo capacitação e utilizando as ferramentas da especialidade, para promover vínculo e equidade. Métodos: Relato da experiência do acompanhamento de uma usuária transgênero que teve seu itinerário terapêutico inteiramente modificado a partir da mudança de posicionamento de sua equipe de referência, analisando o prontuário prévio e comparando com o vivenciado pela nova equipe. Resultados: Observou-se que a usuária em questão teve mudança expressiva em relação ao acompanhamento e aos cuidados em saúde após a utilização das ferramentas e a criação de vínculo, aderindo à terapia antirretroviral, fazendo uso consciente de benzodiazepínicos e permanecendo em abstinência do uso de drogas. Conclusões: Diante do observado e com o amparo da literatura, fica claro que o fomento à discussão e à capacitação para as questões trans são fundamentais durante a residência de Medicina de Família e Comunidade, para que o médico seja um recurso efetivo da população, com capacidade para criar um vínculo responsável, prestando um serviço com equidade, longitudinalidade e integralidade.
Downloads
Métricas
Referências
“Estou fazendo hora extra no mundo”: o inesperado cotidiano da velhice trans [Internet]. São Caetano. El País; 2019 [acessado em 27 jan. 2023]. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/19/politica/1560972279_749450.html
Donato AMM, Correia AA, Leite GS. Entre a natureza e a cultura: sexo, gênero e a exclusão social de travestis e transexuais [Internet]. Razón y Palabra 2017;20(4_95):180-94 [acessado em 14 jan. 2023]. Disponível em: https://razonypalabra.net/index.php/ryp/article/view/815
Benevides BG. Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2022 [Internet]. Brasília; ANTRA, 2023 [acessado em 14 jan. 2023]. Disponível em: http://esmp.mpsp.mp.br/portal/page/portal/redes/valorizacao_diversidade/cartilhas/Antra%20dossi%C3%AA%202021.pdf
Aran M, Zaidhaft S, Murta D. Transexualidade: corpo, subjetividade e saúde coletiva. Psicol Soc 2008;20(1):70-79. https://doi.org/10.1590/S0102-71822008000100008 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-71822008000100008
Bento B, Pelúcio L. Despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas. Estud Fem 2012;20(2):559-568. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000200017 DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000200017
Magalhães LG. Barreiras de acesso na atenção primária à saúde à travestis e transexuais na região central de São Paulo [dissertação de mestrado]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2018.
Moscheta MS, Souza LV, Santos MA. Health care provision in Brazil: A dialogue between health professionals and lesbian, gay, bisexual and transgender service users. J Health Psychol 2016;21(3):369-378. https://doi.org/10.1177/1359105316628749 DOI: https://doi.org/10.1177/1359105316628749
Rocon PC, Pedrini MD, Rodrigues A, Zamboni J. Dificuldades vividas por pessoas trans no acesso ao Sistema Único de Saúde. Cien Saude Colet 2016;21(8):2517-26. https://doi.org/10.1590/1413-81232015218.14362015 DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232015218.14362015
Cardoso MR, Ferro LF. Saúde e população LGBT: demandas e especificidades em questão. Psicol Ciênc Prof 2012;32(3):552-563. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000300003 DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000300003
Santos EC, Calvetti PU, Rocha KB, Moura A, Barbosa LH, Hermel J. Percepção de usuários gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, transexuais e travestis do Sistema Único de Saúde. Rev Interam Psicol 2010;44(2):235-245. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28420641004
Moita G. A patologização da diversidade sexual: Homofobia no discurso de clínicos. Rev Crítica Ciênc Sociais 2006;76(1):53-72. https://doi.org/10.4000/rccs.862 DOI: https://doi.org/10.4000/rccs.862
Gusso G, Lopes JMC. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. 2. ed. Porto Alegre: Artmed; 2019.
Transver o mundo: existências e (re)existências de travestis e pessoas trans no 1º mapeamento das pessoas trans no município de São Paulo [Internet]. Cedec – Centro de Estudos de Cultura Contemporânea. São Paulo: Annablume; 2021 [acessado em 14 jan. 2023]. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/direitos_humanos/LGBT/AnexoB_Relatorio_Final_Mapeamento_Pessoas_Trans_Fase1.pdf
Estratégia de saúde da família [Internet]. Brasília: Governo Federal. [acessado em 27 jan. 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/estrategia-saude-da-familia
Rebelo L. Genograma familiar. O bisturi do médico de família. Rev Port Med Geral Fam 2007;23(3):309-317. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5655/1/Genograma_Familiar.pdf
Borges CD, Costa MM, Faria JG. Genograma e atenção básica à saúde: em busca da integralidade [Internet]. Rev Psicol Saúde 2015;7(2):133-141 [acessado em 27 jan. 2023]. Disponível: https://pssaucdb.emnuvens.com.br/pssa/article/view/439
Dantas YL, Queiroz AGP, Leite FRL, Deininger LSC. Utilização do genograma e ecomapa como ferramentas terapêuticas na saúde de idosos [Internet]. In: Anais II CONBRACIS. Campina Grande: Realize Editora; 2017. [acessado em 04 jan. 2023]. Disponível: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conbracis/2017/TRABALHO_EV071_MD1_SA1_ID999_02052017173814.pdf
Demarzo MMP, Oliveira CA, Gonçalves DA. Prática clínica na Estratégia Saúde da Família: organização e registro [Internet]. São Paulo: UNASUS/UNIFESP; 2000 [acessado em 04 jan. 2023]. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/48115941.pdf
Starfield, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia [Internet]. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde; 2002 [acessado em 04 jan. 2023]. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000130805
Santos ROM, Romano VF, Engstrom EM. Vínculo longitudinal na Saúde da Família: construção fundamentada no modelo de atenção, práticas interpessoais e organização dos serviços. Physis 2018;28(2). https://doi.org/10.1590/S0103-73312018280206 DOI: https://doi.org/10.1590/s0103-73312018280206
Sirena SA, Targa LV. Atenção primária à saúde: fundamentos para a prática. Caxias do Sul: Educs; 2016.
Santos RCA, Miranda FAN. Importância do vínculo entre profissional-usuário na estratégia de saúde da família. Rev Enferm UFSM 2016;6(3):350-9. https://doi.org/10.5902/2179769217313 DOI: https://doi.org/10.5902/2179769217313
Klafke A, Vaghetti LAP, Costa AD. Efeito do vínculo com um médico de família no controle da pressão arterial em hipertensos. Rev Bras Med Fam Comunidade 2017;12(39). https://doi.org/10.5712/rbmfc12(39)1444 DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc12(39)1444
Ferreira L, Barbosa JSA, Cruz MM, Esposti CDD. Educação Permanente em Saúde na atenção primária: uma revisão integrativa da literatura. Saúde Debate 2022;43(12):223-39. https://doi.org/10.1590/0103-1104201912017 DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104201912017
Wahlen R, Bize R, Wang J, Merglen A, Ambresin AE. Medical students’ knowledge of and attitudes towards LGBT people and their health care needs: Impact of a lecture on LGBT health. PLoS ONE 2020;15(7):e0234743. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0234743 DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0234743
Tagliamento G, Paiva VSF. Trans-specic health care: challenges in the context of new policies for transgender people. J Homosex 2016;63(11):1556-72 https://doi.org/10.1080/00918369.2016.1223359 DOI: https://doi.org/10.1080/00918369.2016.1223359
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Rafael Kafuri Bonacossa, Philipp Rosa de Oliveira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.