As potencialidades do acompanhamento a uma pessoa transgênero por um médico de família e comunidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3847

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Pessoas Transgênero, Transfobia, Itinerário terapêutico.

Resumo

Introdução: A marginalização de pessoas transgênero e as barreiras de acesso à saúde, oriundas da patologização e do histórico processo de intolerância para com elas, são determinantes para transformar o itinerário terapêutico em um percalço, interferindo fortemente na relação com os profissionais e nos cuidados prestados. Objetivos: Demonstrar como um médico de família e comunidade pode atuar como agente modificador na Atenção Primária à Saúde, tendo capacitação e utilizando as ferramentas da especialidade, para promover vínculo e equidade. Métodos: Relato da experiência do acompanhamento de uma usuária transgênero que teve seu itinerário terapêutico inteiramente modificado a partir da mudança de posicionamento de sua equipe de referência, analisando o prontuário prévio e comparando com o vivenciado pela nova equipe. Resultados: Observou-se que a usuária em questão teve mudança expressiva em relação ao acompanhamento e aos cuidados em saúde após a utilização das ferramentas e a criação de vínculo, aderindo à terapia antirretroviral, fazendo uso consciente de benzodiazepínicos e permanecendo em abstinência do uso de drogas. Conclusões: Diante do observado e com o amparo da literatura, fica claro que o fomento à discussão e à capacitação para as questões trans são fundamentais durante a residência de Medicina de Família e Comunidade, para que o médico seja um recurso efetivo da população, com capacidade para criar um vínculo responsável, prestando um serviço com equidade, longitudinalidade e integralidade.

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Biografia do Autor

Philipp Rosa de Oliveira, UUniversidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

Possui graduação em medicina pela Faculdade de Medicina de Petrópolis (1996). Mestrado em Atenção Primária a Saúde pelo Hospital Escola São Francisco de Assis (UFRJ). Atualmente é preceptor da residencia de Medicina de Família e Comunidade da UERJ atuando no Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrela, supervisor do programa Mais Médicos do Ministério da Saúde, Supervisor do projeto de interiorização da residência de Medicina de Família e Comunidade UERJ e Tutor do curso de especialização em preceptoria do UNA-SUS UFCSPA. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Medicina, atuando principalmente nos seguintes temas: medico de família, clínica da família, idoso, acesso e pequenos procedimentos.

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Publicado

2023-12-05

Como Citar

1.
Bonacossa RK, Oliveira PR de. As potencialidades do acompanhamento a uma pessoa transgênero por um médico de família e comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 5º de dezembro de 2023 [citado 22º de julho de 2024];18(45):3847. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3847

Edição

Seção

Especial Residência Médica

Plaudit