Além das palavras

o papel do Laboratório de Comunicação Clínica na formação em Medicina de Família e Comunidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)4223

Palavras-chave:

Comunicação em saúde, Internato e Residência, Medicina de Família e Comunidade, Gravação em vídeo.

Resumo

Problema: O estudo da comunicação clínica no ensino médico era pouco abordado antes da década de 1960, com enfoque no modelo flexneriano e na valorização da medicina centrada na doença. Porém, ao longo do tempo, as inadequações desse modelo foram evidenciadas, levando à necessidade de repensar a formação médica diante da complexidade do processo saúde-doença e dos determinantes sociais em saúde. No contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), as habilidades comunicacionais e a relação médico-paciente assumem grande relevância, pois a capacidade de comunicação do profissional interfere diretamente na adesão aos planos terapêuticos propostos, na satisfação dos pacientes e na sua experiência com a doença. Apesar de sua relevância, existe o pensamento de que esse preparo não é necessário ou passível de treinamento e de que essa habilidade é inata ao profissional. Método: Este estudo descreve o Laboratório de Comunicação (LabCom) do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria de Saúde do Recife como uma estratégia para desenvolver habilidades de comunicação entre os residentes. O LabCom utiliza a gravação de consultas em vídeo e o feedback em grupo como principais métodos de ensino. Resultados: O LabCom é eficaz na promoção de habilidades de comunicação e reflexão crítica entre os residentes, proporcionando um ambiente seguro e estruturado para o aprendizado. Conclusões: O LabCom tem um potencial significativo para o desenvolvimento profissional dos residentes, além de estimular a autorreflexão, construção de feedbacks elaborados e espaço de acolhimento. Sugere-se sua replicação em outros programas de residência, bem como a expansão para incluir uma variedade de situações clínicas na APS, visando abordar de forma abrangente as necessidades de comunicação dos futuros médicos.

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Biografia do Autor

Sílvia Regina de Souza Dias, Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade, Secretaria Municipal de Saúde da Cidade do Recife – Recife (PE), Brasil.

Médica de Família e Comunidade pelo Programa de Residência da Secretaria de Saúde do Recife, graduada em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE).

Maria Olivia Lima de Mendonça, Prefeitura da Cidade do Recife – Recife (PE), Brasil.

Médica de Família e Comunidade pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp). Concursada da Estratégia Saúde da Família da Prefeitura do Recife. Preceptora do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Saúde do Recife e do internato médico da Universidade de Pernambuco.

Rubens Cavalcanti Freire da Silva, Universidade de Pernambuco – Recife (PE), Brasil.

Doutor em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (Uerj). Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE). Médico de Família e Comunidade concursado da Estratégia Saúde da Família da Prefeitura da Cidade do Recife. Preceptor do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Saúde do Recife.

Leticia Maggioni, Faculdade Pernambucana de Saúde – Recife (PE), Brasil.

Médica de Família e Comunidade pelo Programa de Residência Médica da Secretaria de Saúde do Recife. Docente do curso de medicina na Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS). Médica do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do Hospital Alfa sob gestão do grupo Fundação de Gestão Hospitalar (FGH).

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Publicado

2024-12-10

Como Citar

1.
Dias SR de S, Mendonça MOL de, Silva RCF da, Maggioni L. Além das palavras: o papel do Laboratório de Comunicação Clínica na formação em Medicina de Família e Comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 10º de dezembro de 2024 [citado 21º de dezembro de 2024];19(46):4223. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/4223

Edição

Seção

Especial Residência Médica

Plaudit