A integralidade sufocada em consultas de 20 minutos

referenciais do Sistema Único de Saúde e Atenção Primária à Saúde estrangulados no aprendizado de competências em uma Residência de Medicina de Família e Comunidade

Autores

  • Roberto Magalhães Silva Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8040-2987
  • Andreia Patrícia Gomes Universidade Federal de Viçosa e Fundação Oswaldo Cruz – Viçosa (MG), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-5046-6883
  • Lucas Vega Martinez Veras Ferreira Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-1307-2922

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)4242

Palavras-chave:

Medicina de Família e Comunidade., Precarização do trabalho, Residência médica.

Resumo

Introdução: A Medicina de Família e Comunidade (MFC) se consolida na Atenção Primária à Saúde (APS) como a especialidade preferencial para o desenvolvimento de seus atributos, bem como dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de efetivar o paradigma da Produção Social da Saúde (PSS). A Residência em Medicina de Família e Comunidade (RMFC) é considerada o padrão-ouro de formação desses profissionais capazes de transcender a oferta de serviços, articular redes de cuidados interdisciplinares e superar o modelo biomédico no complexo cenário da APS, o que vem sendo aprimorado com a elaboração de competências para a especialidade. No entanto, a precarização do trabalho que marca a história da APS se destaca como desafio a ser superado. Objetivos: Elaborar reflexões acerca dos principais desafios que marcam a APS e caminhos para superá-los. Métodos: Realizou-se um ensaio crítico, com base em uma revisão narrativa. Foram consultadas as bases de dados da Scientific Electronic Library Online, Google Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os descritores “Medicina de Família e Comunidade”, “Residência”, “Educação Baseada em Competências”, “Condições de Trabalho” e “Precarização do Trabalho”. A literatura encontrada foi articulada com a experiência e reflexão dos autores. Discussão: Os resultados descrevem como a precarização tem caracterizado o trabalho na APS e impactado negativamente a superação da biomedicina pela PSS. Essa precarização é marcada pela competitividade dos modelos de gestão neoliberais, reforçando um conceito de saúde reduzido e fragmentado, o que fragiliza o SUS e compromete seus atributos constitutivos. Em relação à RMFC, os achados revelam não apenas prejuízos na formação, mas também dificuldades teóricas e práticas enfrentadas pelos profissionais na identificação de problemas, bem como na reflexão e ação sobre essas limitações no desenvolvimento de competências, fortemente subvertidas pela biomedicina medicalizante. Para explicar essas dificuldades e propor soluções, discute-se a fragilidade da formação bioética, especialmente ético-política, aponta-se o conceito de competência dialógica associado ao engajamento político, como potenciais caminhos para superar essas dificuldades. Conclusões: A crítica ao atual cenário revela-se tanto desafiadora quanto fundamental na luta pela saúde como direito.

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Publicado

2024-12-10

Como Citar

1.
Silva RM, Gomes AP, Ferreira LVMV. A integralidade sufocada em consultas de 20 minutos: referenciais do Sistema Único de Saúde e Atenção Primária à Saúde estrangulados no aprendizado de competências em uma Residência de Medicina de Família e Comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 10º de dezembro de 2024 [citado 20º de dezembro de 2024];19(46):4242. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/4242

Edição

Seção

Especial Residência Médica

Plaudit