Percepções de pacientes sobre o atendimento remoto na atenção primária de cidade
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc20(47)3402Palavras-chave:
Consulta remota, Atenção primária à saúde, Satisfação do paciente, Políticas de e saúde, Telemedicina, Medicina de Família e ComunidadeResumo
Introdução: O atendimento remoto é a forma de troca de informações entre profissional da saúde e paciente por meio de dispositivos eletrônicos sobre questões relacionadas à saúde. Essa forma de cuidado aumentou consideravelmente nos últimos meses, sobretudo por ter sido uma tentativa de impedimento de disseminação do vírus da COVID-19. Objetivo: Entender a percepção de usuários de diferentes grupos populacionais sobre os atendimentos remotos realizados na atenção primária de Florianópolis (SC). Métodos: Pesquisa qualitativa, na qual os pacientes consultados remotamente pelos pesquisadores foram convidados a participar de entrevista em profundidade sobre o atendimento remoto prévio, de acordo com grupos que poderiam, na opinião dos pesquisadores, apresentar diferentes opiniões. As entrevistas foram gravadas após consentimento, com posterior transcrição e análise de conteúdo convencional. Resultados: As consultas remotas e as interações virtuais com o serviço de atenção primária foram bem recebidas, com qualidade comparável à das consultas presenciais, sem problemas técnicos limitantes. A ferramenta virtual parece ser duradoura e promissora, mas não para qualquer condição ou demanda, cabendo ao profissional de saúde, na opinião dos pacientes, decidir entre o presencial ou o remoto no momento do atendimento. Os pacientes tendem a preferir a modalidade remota para questões mais pontuais e a presencial para questões complexas e que demandam exame físico. A inspeção, possível por vídeo, não foi considerada um exame físico. Notamos que é convencional a existência de um processo de consulta composto de um disparador (problema ou uma queixa), seguido de: um diálogo entre médico e paciente; exame físico; exame complementar; e conduta. Quando todos os itens estão presentes e nessa ordem, a interpretação é unanimemente de que houve uma consulta. Quando um desses itens está ausente, a interação nem sempre é vista como consulta, e a conduta informada ao paciente muitas vezes foi interpretada como orientação isolada ou triagem. Conclusões: Apesar de o virtual ser uma ferramenta útil na ampliação das formas de acesso a cuidados em saúde, a interpretação de consulta no atendimento remoto pode ser discordante entre profissional de saúde e paciente. Isso pode estar relacionado tanto com o formato virtual quanto com a necessária falta do toque físico, que todas as modalidades trazem. A opinião de usuários que não têm acesso à internet, ou a dispositivos, não foi captada. Felizmente, para os pacientes que não têm acesso a essa ferramenta, a demanda espontânea e o atendimento presencial continuam fazendo parte da carteira de serviços em Florianópolis.
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