Perfil dos pacientes em cuidados paliativos na atenção domiciliar em um serviço do Sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)3922

Palavras-chave:

Cuidados paliativos, Serviços de assistência domiciliar, Serviços hospitalares de assistência domiciliar, Direito a morrer.

Resumo

Introdução: A Medicina de Família e Comunidade, como forma de cuidado mais próxima ao paciente, pode ofertar cuidados paliativos (CP) de modo integral e individualizado. Assim, torna-se relevante caracterizar a população atendida de modo a favorecer o desenvolvimento e implementação de estratégias para a ampliação da assistência de CP na Rede de Atenção à Saúde. Objetivo: Apresentar um panorama do perfil epidemiológico dos pacientes em CP domiciliares, no período de janeiro de 2018 a outubro de 2021, assistidos pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), vinculado ao Hospital Municipal de São José (HMSJ), na cidade de Joinville (SC). Métodos: Série de casos retrospectiva, incluindo os participantes do SAD que evoluíram a óbito no período da pesquisa. Os critérios de exclusão foram os participantes vivos no período da pesquisa; aqueles registrados, mas não atendidos pela equipe médica; os que receberam alta do programa; pacientes com prontuário incompleto; prontuários duplicados e menores de 18 anos. Os dados coletados incluíram número identificador do prontuário, idade, sexo, estado civil, diagnóstico, data de entrada no SAD, data de óbito, tempo de permanência no SAD, desfecho de óbito e via pela qual foi atestado o óbito, se recebeu analgesia com opioides e se fez uso de mais de um opioide, e se recebeu analgesia em bomba de infusão contínua (BIC) e/ou sedação paliativa. Os dados foram coletados pelos pesquisadores de prontuários médicos, codificados e conferidos duplamente. Foram realizadas então média e mediana das variáveis, bem como correlação dos dados e análise dos resultados. Resultados: Duzentos e oito pacientes foram incluídos; a média de idade foi 66,8 anos; as doenças neoplásicas foram as mais prevalentes (94,2%), destacando-se as neoplasias de trato gastrointestinal (21,1%), pulmonares (12,5%) e de mama (9,5%). A maior parte dos pacientes (37,9%) permaneceu sob os cuidados do SAD por mais de 30 dias e 75,9% da população analisada veio a óbito em ambiente domiciliar, e 45,67% desses indivíduos foram atestados via Serviço de Verificação de Óbitos e 30,2% via SAD. Quanto ao manejo da dor, 87,1% fizeram uso de opioides, mais frequentemente a morfina. Quanto à sedação paliativa, esta esteve presente em apenas 25,48%, prevalecendo o uso de midazolam. Conclusões: Neste estudo, encontrou-se maior prevalência de pacientes acometidos por doenças neoplásicas em fase final de vida, com necessidade de controle de dor adequado — contexto no qual o SAD possibilita o atendimento especializado ao paciente e seus familiares em um ambiente de maior conforto.

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Biografia do Autor

Victoria Alves Ehlert, Universidade da Região de Joinville – Joinville (SC), Brasil.

Acadêmica do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville.

Samantha Brandes, Universidade da Região de Joinville – Joinville (SC), Brasil.

Médica paliativista e professora do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville

Maria Fernanda Mendonça Fontes, Universidade da Região de Joinville – Joinville (SC), Brasil.

Acadêmica do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville.

Fernanda Ravache Keunecke, Universidade da Região de Joinville – Joinville (SC), Brasil.

Acadêmica do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville.

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Publicado

2024-10-06

Como Citar

1.
Ehlert VA, Brandes S, Fontes MFM, Keunecke FR. Perfil dos pacientes em cuidados paliativos na atenção domiciliar em um serviço do Sul do Brasil. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 6º de outubro de 2024 [citado 15º de outubro de 2024];19(46):3922. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3922

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit