Prevalência do uso abusivo de álcool na população em situação de rua no município de Olinda (PE)
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc20(47)4383Palavras-chave:
Prevalência, Pessoa em situação de rua, Consumo de álcool em excesso, Política de saúdeResumo
Introdução: O consumo abusivo de álcool é um problema de saúde pública no Brasil. Essa prática perpassa a história da humanidade, sendo atribuídos diferentes significados e valores ao seu consumo. Entretanto, com o avanço da ciência, os malefícios de seu uso abusivo tornaram-se amplamente reconhecidos, e a população em situação de rua se destaca nesse contexto. Diante disso, entender o contexto vivenciado por esse grupo no município de Olinda (PE) — o qual apresentou aumento de 250 para 300 pessoas vivendo nesse contexto após a pandemia da COVID-19 — torna-se essencial para fortalecer práticas de cuidado em saúde, como a redução de danos, bem como o vínculo dessa população com os serviços de saúde. Objetivo: Analisar a prevalência do uso abusivo de álcool e sua relação com dados sociodemográficos de pessoas em situação de rua no município de Olinda (PE), entre 2022 e 2023. Métodos: Estudo transversal, quantitativo, realizado com 46 pessoas em situação de rua. A amostragem foi não probabilística por conveniência, limitando os resultados encontrados. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas durante as atividades da equipe do Consultório na Rua (eCR). Foram utilizados dois instrumentos: questionário sociodemográfico e Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT). O AUDIT é composto por dez perguntas, e o valor da sua soma varia de 0 a 40, sendo distribuído em quatro zonas de risco. Resultados: Participaram do estudo 46 pessoas em situação de rua, com predominância do sexo masculino. Sobre o uso de bebida alcoólica nos últimos 3 meses, a maioria afirmou que realizava o consumo, e a cachaça foi a bebida mais consumida. Entre os fatores que influenciam no consumo de álcool, os conflitos familiares se destacaram. Referente ao risco relacionado com o consumo de álcool, a maioria dos participantes encontra-se na Zona IV do AUDIT, o que indica provável dependência alcoólica. Destaca-se que o perfil dos usuários de álcool classificados como Zona IV é, em sua maioria, do sexo masculino, estão há ≤5 anos em situação de rua, vivem na rua sozinhos e trabalham. Conclusões: Diante da caracterização sociodemográfica da população estudada e da identificação de fatores que a levam ao consumo abusivo de álcool, evidencia-se a necessidade de estratégias que assegurem a longitudinalidade no cuidado desse grupo e promovam a redução de danos. Ademais, são imprescindíveis novos estudos, de modo a ampliar o debate sobre essa temática e fortalecer políticas públicas, considerando a pluralidade dos territórios brasileiros.
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